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A contribuição de Piracicaba na arte nacional

Dutra, Archimedes

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 0000-00-00

Acesso online

  • Título:
    A contribuição de Piracicaba na arte nacional
  • Autor: Dutra, Archimedes
  • Orientador: Moretti Filho, Justo
  • Assuntos: Artes; Brasil; Piracicaba-Sp
  • Descrição: O homem primitivo, em suas irrequietas e constantes andanças por terras americanas, não pôde resistir ao impacto emocional que lhe foi imposto pelo cenário de largas proporções de beleza e possibilidades vitais, da terra onde hoje se levanta a bicentenária Piracicaba. Resolvendo o quase insolúvel problema da caminhada errante, aquela gente rude aqui se plantou organizada em núcleo de primitiva estrutura, e de suas atividades - como necessariamente deve ser admitido não foi excluído o meio próprio' de comunicação habilmente expressa por sinalização gravada em pedra e por motivos rudimentares de forma, tentando articular mensagens de expressão artística. Provas concludentes desse despontar do espírito humano, real mente valiosas pelo sentido de mensagem de que são portadoras; puderam chegar até nós através das inscrições rupestres e sinalações de arte gravadas nos paredões de basalto situados em plena área da cidade atual, . a margem esquerda do nosso rio. Ainda que rudemente insculpidas há milênios, tais comunicações representam a origem das etapas cheias de atritos, impregnadas de espírito e de sensibilidade, com que a arte piracicabana haveria de se apresentar aos nossos olhos no transcorrer do tempo. Num estágio mental tão diverso e distante do seu antecessor, isto é, na época que precede a verdadeira história de Piracicaba, aqui se movimentaram os intrépidos Paiaguás - Índios canoeiros donos das terras da região - de positiva sensibilidade às manifestações de arte, atestando uma franca evolução do espírito humano na concepção de peças artísticas de aprimorado gosto e paciente execução. Sem dúvida, há marcas encontradiças entre as mensagens de arte da nossa região paiaguá com aquelas oriundas do espírito da civilização marajoara do norte do país. É por demais valiosa e merecedora de um estudo mais profundo, essa contribuição artística regional do período que antecede à data de fundação da cidade bicentenária (1º de agosto de 1767). Para o julgamento imparcial do grau de adiantamento desses Índios - que em muito nos enaltece - examinem ... se o Índice do seu espírito criativo, o gosto estético, a técnica empregada e a delicadeza de execução das suas obras de arte. São Paulo acompanhou em ritmo e em sensibilidade o sentido evolutivo artístico dos grandes centros nacionais de arte, como Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Entretanto, é preciso que se entenda ser a sua arte vazada nos termos requeridos pelos meios materiais disponíveis da região paulista - madeira, barro e metais - destinados exclusivamente às obras de recinto fechado. Isto veio decretar o seu isolamento no que diz respeito ao contacto direto e permanente com o público. A estatuária religiosa em madeira e barro, a pintura a óleo, a aquarela e cola, as aguadas, as miniaturas sobre marfim, as peças de ourivesaria, a cinzelaria em matais diversos, as obras em ferro batido, o entalhamento dos magníficos conjuntos e peças que guarnedem os interiores dos templos e residências de alto padrão social condensam superiormente a bagagem da nossa arte antiga paulista. Ainda que se ressentindo da falta de outros meios materiais, a força de expressão da sua grande arte torna-se evidente no “Primeiro Museu de Arte Religiosa” de São Paulo, instalado na Capital do Estado, no antigo Colégio da Conceição da Luz (1773) e inaugurado a 25 de janeiro de 1969. Cuida-se de um museu de arte antiga da mais alta expressão, tanto pela categoria das obras expostas como pelo valor incalculável do seu acervo, diante das credenciais inconfundíveis dos artistas nele catalogados, desde os 11barristas11 do, século XVI até aos mais destacados mestres dos séculos XVII, XVIII e XIX. Esta inadiável e patriótica iniciativa é, sem dúvida, a afirmação plena e insofismável do grau de cultura e descortino daqueles que respondem pelo destino de São Paulo e, uma honrosa atenção dispensada às sugestões e indi9ações que insistentemente vimos fazendo às autoridades estaduais e instituições culturais, desde 1954. A pedra dura (granito) e a pedra plástica mole (pedra-sabão) - próprias para as obras de cantaria e escultura ao ar livre – registram-se como material regional disponível à execução de obras de arte em outros centros artísticos do país. As peças de alta classe artezanal e artística que povoam as ruas, os logradouros públicos e as praças; as estruturas de pontes e de símbolos religiosos, os bebedouros e chafarizes responsáveis pela água de uso da população, os elementos decorativos das magnificas fachadas barrocas das velhas cidades imperiais, além de grandes no seu mérito artístico trazem a destacada vantagem de resistirem ao castigo do tempo, em nada se alterando. Este privilégio oferecido; arte - o de poder ser exposta ao ar livre em plena praça pública - dá-lhe o verdadeiro sentido de popularidade provocando, além do mais, a sua divulgação pelo espírito de análise dos pesquisadores, críticos e estudiosos dos problemas artísticos. Na época histórica da Colônia e do Império, ao lado dos três grandes centros de arte da Província de São Paulo - São Paulo, Itu e Mogi das Cruzes haveria de surgir, por certo, um quarto núcleo sensível às expressões do espírito: Piracicaba. Sem dúvida, aqui se manifesta como positivo, com timbre de grande privilégio, o determinismo histórico bafejando Piracicaba com o carinho sempre almejado quando da sua construtiva presença. Vencendo terríveis obstáculos temos andado por muitos e muitos anos no dificultoso caminho da exaustiva exigência das pesquisas, buscando aqui, ali, alhures - notícias, publicações, fatos; documentos originais em arquivos, museus, coleções particulares, repartições públicas, recintos privados e religiosos, enfim; onde quer que nos fosse dado alcançar provas reais das nossas virtudes artísticas, através das quais pudéssemos positivar a existência maiúscula da arte piracicabana ao lado daqueles outros grandes centros mencionados. Se a arte da cidade de São Paulo é exuberante como consequência, em grande parte, da ação dos artistas estrangeiros vindos para cá como membros efetivos das “Missões Culturais” e a serviço da Corte, a arte de Itu e Mogi das Cruzes - na qual se registra a independência da peia estrangeira pelo domínio absoluto, técnico e sentimental, do nosso artista brasileiro - esplende pela originalidade e nacionalismo das suas obras, patentes na soberba decoração religiosa e na arquitetura dos seus templos; no arrojo das composições magnificamente lançadas na estrutura dos seus forros eclesiásticos; no equilíbrio das cores e na correção compositiva dos seus painéis alegóricos; na admirável plasticidade das suas belíssimas imagens; nos golpes magistrais da goiva correndo e desbastando o cedro no rendado da modelagem de suas obras de entalhamento e de peças ornamentais decorativas. Em Piracicaba, além das virtudes consagradoras desses outros centros, a arte toma um novo rumo de superior expressão, porque atingindo as marcas reais do histórico, do social e do folclórico quando da fixação, pela imagem, do que foi a vida da nossa gente nos tempos imperiais. O realismo iconográfico nascente e positivamente efetivo em nossa terra - o que antes não acontecera em outros pontos do território nacional como expressão de uma arte genuinamente brasileira, tanto na percepção do ambiente como na técnica e escolha dos temas - pôde nos transmitir a verdadeira imagem de uma época através de numerosas peças artísticas e documentárias, numa mensagem do mais alto valor informativo e válida para todos os tempos porque registrando, pelo desenho e pela cor, a realidade de um dos períodos m ais importantes da organização nacional . Isto nos assegura um posto de indiscutível projeção no campo das nossas artes plásticas. E não se acomodando as provas passadas, em obediência as transformações normais por que deve passar um meio social em franca evolução, a arte piracicabana acompanhou o tempo chegando até nós, numa demonstração sadia do corpo adquirido pelo progresso técnico e espiritual dos seus artistas, como bem se verifica no andamento deste trabalho.
  • DOI: 10.11606/T.11.1900.tde-20240301-143817
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
  • Data de criação/publicação: 0000-00-00
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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