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A vertigem do indizível: descaminhos da palavra em O filho eterno, de Cristovão Tezza

Vale, Cristina Do

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2014-10-20

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    A vertigem do indizível: descaminhos da palavra em O filho eterno, de Cristovão Tezza
  • Autor: Vale, Cristina Do
  • Orientador: Passos, Cleusa Rios Pinheiro
  • Assuntos: Literatura Brasileira Contemporânea; Real; Cristovão Tezza; Crítica Literária E Psicanálise; Narrador Onisciente Seletivo; Contemporary Brazilian Literature; Literary Criticism And Psychoanalisys; Selective Omniscience
  • Notas: Dissertação (Mestrado)
  • Descrição: Esta dissertação realiza uma análise textual do premiado romance brasileiro O filho eterno (2007), do catarinense Cristovão Tezza (1952-), cujo enredo aborda a experiência de paternidade de um aspirante a escritor que, ao descobrir que seu primeiro filho possui a mutação genética conhecida como síndrome de Down, é lançado à maior vertigem de sua vida. No conjunto da obra romanesca de Tezza, observamos que a linguagem, especialmente a literária, tem papel relevante nos enredos fabulados pelo autor, frequentemente povoados por personagens que, com maior ou menor afinidade com o campo da linguagem e da literatura, acreditam no poder da palavra. Para tais personagens, a linguagem carrega a promessa de lançar luzes sobre aquilo que, de outra maneira, poderia se perder, permanecer obscuro, incompreensível ou banal. Em O filho eterno, essa mesma espécie de aposta na linguagem é assumida de forma muito convicta pela personagem do pai para quem a capacidade de abstração e a inteligência são os maiores valores do ser humano. O nascimento de Felipe acabará revelando o quanto o plano simbólico tem de falho, de insuficiente, ao relegar esse pai a uma situação de profundo desamparo diante de uma experiência que resiste à possibilidade de elaboração por meio da linguagem. Esses limites vão sendo percebidos, por exemplo, em sua dificuldade de falar sobre o filho, no penoso processo de aquisição de linguagem pelo menino, na impossibilidade de o pai escrever sobre o filho ou para o filho, na percepção de que vida e literatura não se confundem. Embora o romance tenha forte caráter confessional, com origem na experiência pessoal de Tezza com seu filho Felipe, quem narra a história de pai e filho é um outro, um terceiro, um narrador onisciente seletivo (Friedman, 2002) cujo foco recai sobre o pai. Em nosso entendimento, tal foco narrativo é um dispositivo privilegiado que fornece a possibilidade de falar sobre algo, em última instância, indizível. Tomando por referência Barthes (2007), para quem uma das forças da literatura (Mimesis) residiria em sua busca incessante de representar o irrepresentável, e Lacan (1975), que postula o Real como a dimensão da experiência humana que escapa à linguagem, buscamos investigar de que modo a tessitura do romance lida com o paradoxo de narrar o inenarrável, representar o irrepresentável, dizer o indizível. Valendo-nos, ainda, dos conceitos lacanianos de Imaginário e Simbólico, observamos como o pai de Felipe passará por um processo gradual de esvaziamento de imagens ideais que, durante muito tempo, o nortearam na vida e na relação com o filho, e realizará uma travessia para além (e, em certo sentido, para aquém) da linguagem da norma e da cultura letrada para alcançar essa outra linguagem que é a de Felipe. Realizando incursões ao passado do pai, o narrador pouco a pouco entrelaça as histórias de pai e filho e testemunha, por fim, o encontro possível desses dois guerreiros de brincadeira, em frente à televisão, na fanática torcida pelo Clube Atlético Paranaense.
  • DOI: 10.11606/D.8.2014.tde-26122014-010944
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Data de criação/publicação: 2014-10-20
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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