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Estratigrafia e Evolução Geológica da Parte Oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil)

Fernandes, Luiz Alberto

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Instituto de Geociências 1998-07-06

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Estratigrafia e Evolução Geológica da Parte Oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil)
  • Autor: Fernandes, Luiz Alberto
  • Orientador: Coimbra, Armando Marcio
  • Assuntos: Estratigrafia; Sedimentologia; Stratigraphy
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: A Bacia Bauru formou-se no Cretáceo Superior (Coniaciano-Maastrichtiano), por subsidência termo-mecânica, na parte centro-sul da Plataforma Sul-Americana. Esta bacia, continental interior, acumulou uma seqüência sedimentar essencialmente arenosa (atualmente com espessura máxima de quase 300 m), que ocorre em área de cerca 370.000 km². Tem por substrato rochas vulcânicas da Fm. Serra Geral (Ki), sobretudo basaltos, da qual é separada por superfície erosiva regional. A área investigada corresponde à parte oriental da Bacia Bauru (oeste de São Paulo, Triângulo Mineiro e noroeste do Paraná), situada entre as coordenadas 18° S e 25° S; e 47° W e 55° W, com cerca de 180.000 km². O presente estudo discute a estratigrafia e a evolução sedimentar daquela área, mediante análise de sistemas deposicionais - baseada em levantamentos de campo - e ensaios com amostras em laboratório (microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura com EDS, e difração de raios X). Segundo a distribuição das associações de fácies e suas relações encontradas é proposta uma revisão estratigráfica para a parte oriental da Bacia Bauru. Nesta área, a seqüência neocretácea foi dividida em dois grupos parcialmente cronocorrelatos: Caiuá (formações Rio Paraná, Goio Erê e Santo Anastácio) e Bauru (formações Uberaba, Vale do Rio do Peixe, Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Marília, mais os Analcimitos Taiúva). A sedimentação na Bacia Bauru ocorreu em duas fases principais, a primeira em condições essencialmente desérticas, a seguinte com maior presença de água, ainda que em clima semi-árido. As associações de fácies da primeira fase correspondem, em termos litoestratigráficos, a depósitos de: lençóis de areia com campos de dunas baixas, loesse e wadis (Vale do Rio do Peixe); lençóis de areia secos (Santo Anastácio); dunas eólicas médias e interdunas úmidas, zona periféricas de sand sea (Goio Erê); e complexos de dunas eólicas de grande porte (draas), parte central de sand sea interior (Rio Paraná). As associações da segunda fase correspondem a depósitos de: rios entrelaçados, de baixa a média sinuosidade (Uberaba); pantanal interior (Araçatuba); zonas distais de leques aluviais (Echaporã); sistema fluvial entrelaçado, partes medianas de leques aluviais (Serra da Galga); sistema fluvial entrelaçado, partes medianas de leques aluviais (Ponte Alta); sistema fluvial entrelaçado arenoso (São José do Rio Preto); e sistema fluvial meandrante arenoso fino, de canais rasos (Presidente Prudente). A primeira corresponde ao sepultamento progressivo do substrato basáltico por extensa e monótona manta arenosa, formada principalmente por depósitos de lençóis de areia, com pequenas dunas e estratos de loesse. Desta fase, os raros depósitos fluviais preservados correspondem a fluxos de enxurradas de deserto (wadis). A intensificação das atividades tectônicas nas bordas norte-nordeste e leste, e provavelmente na borda noroeste, provocaram significativa mudança no quadro paleogeográfico da bacia, promovendo o avanço de leques aluviais para o seu interior. Ao mesmo tempo, mudanças climáticas graduais trouxeram maior umidade às zonas marginais. Tais alterações assinalam o início da segunda fase de sedimentação, em que se desenvolveram sistemas fluviais importantes, de nordeste para sudoeste, entre as bordas e o deserto interior. O clima quente e seco determinou a manutenção de condições desérticas no interior da bacia, desde o início até a segunda fase de sedimentação. Durante a elevação das bordas houve a instalação de diversos corpos de rochas alcalinas nos altos marginais, magmatismo extrusivo próximo da borda leste (analcimitos Taiúva) e silicificação localizada, no sul da bacia. A nova moldura, realçada na passagem entre as fases I e II, corresponde a charneiras de importantes altos tectônicos marginais. O trato de sistemas desértico é formado pelas formações Vale do Rio do Peixe, Santo Anastácio, Goio Erê e Rio Paraná. O relevo original do substrato criou condições endorrêicas em zona interior da bacia, determinando a formação de uma grande área pantanosa em clima semi-árido (Pantanal Araçatuba), no início da sedimentação neocretácea. O soerguimento das margens norte e nordeste provocou modificações na paleogeografia da bacia. Talvez o mais importante tenha sido o embutimento - pós-sedimentação - da faixa do Triângulo Mineiro onde hoje ocorre a Fm. Uberaba (depressão de Uberaba). Os fluxos fluviais distais de leques aluviais do Mb. Serra da Galga, posteriores a este evento, apresentavam persistentes rumos para noroeste, possivelmente por influência de barreiras internas então criadas. Os fluxos fluviais entrelaçados do Mb. Serra da Galga avançaram sobre a Fm. Uberaba, soterrando-a. Os influxos de material originados em leques aluviais marginais foram gradualmente transformados, bacia a dentro, em sistemas fluviais entrelaçados e depois em meandrantes, até a sua desarticulação na periferia do deserto Caiuá. Os fluxos fluviais provenientes da parte nordeste alcançavam o interior da bacia em sistemas entrelaçados arenosos (Fm. São José do Rio Preto), de rumo geral sudoeste, muito constante. À medida que adentravam a bacia, a paisagem tornava-se cada vez mais plana, e os sedimentos transportados cada vez mais finos. Assim, devido ao baixo gradiente da bacia, nas porções distais este sistema fluvial tornava-se meandrante, ainda arenoso, com canais mais estáveis, definidos e rasos (Fm. Presidente Prudente). Serpenteavam em extensas planícies aluviais, entre lagoas residuais formadas sobretudo após eventos de transbordamento. Os arenitos e arenitos conglomeráticos dos membros Serra da Galga e Ponte Alta correspondem portanto às fácies proximais das associações fluviais São José do Rio Preto e Presidente Prudente. O aumento da aridez rumo ao interior determinava progressivo aumento da evaporação e escassez de água no ambiente, até o desaparecimento do sistema fluvial nas planícies arenosas. As unidades de origem eólica exibem notável constância do sentido de transporte, durante a sedimentação da seqüência neocretácea. O padrão geral de fluxos fluviais aponta para o interior da bacia. Os resultados obtidos para o Mb. Serra da Galga, entretanto, são claramente discordantes. Admitindo-se que esta unidade corresponde às porções proximais do sistema São José do Rio Preto-Presidente Prudente, supõe-se que tenha existido uma barreira geográfica na borda nordeste da bacia, associada às transformações tectônicas ali ocorridas, que teria determinado a passagem dos fluxos fluviais rumo ao interior da bacia, mais para oeste. O estabelecimento do Pantanal Araçatuba, subambiente peculiar criado no estádio inicial, provavelmente decorre da posição topográfica mais baixa original do substrato naquela região. O limite oeste da área de ocorrência atual da Fm. Araçatuba corresponde a uma feição elevada do substrato basáltico (soleira de Jales-Andradina). O aporte continuado de sedimentos eólicos, que inicialmente supriu dunas e lençóis de areia marginais ao charco, terminou por soterrar a depressão original. Todas as ocorrências fossilíferas conhecidas na bacia localizam-se na sua parte oriental e refletem o controle essencialmente paleogeográfico. Compreendem restos ósseos, sobretudo de répteis - crocodilos, quelônios e dinossauros -, anfíbios, peixes, moluscos, crustáceos e oogônios de algas carófitas. Em geral, predominam ocorrências vinculadas a litofácies de origem fluvial, com remobilização e transporte de material, do que decorre rara preservação de esqueletos completos. As principais ocorrências estão em depósitos de planícies fluviais de transbordamento e lagoas efêmeras (no interior da bacia) e naqueles vinculados a fluxos aquosos entrelaçados e a lagoas de zonas de leques aluviais marginais da bacia. No interior mantiveram-se, durante os dois estádios de sedimentação, condições desérticas quentes, motivo da escassez e baixa diversidade das ocorrências. A fossilização ocorreu quase sempre com perfeita preservação da estrutura óssea e manutenção da natureza fosfática original, independente das litofácies ou unidades geológicas de origem. Os ossos são constituídos por fluorapatita de baixa birrefringência, com laminação concêntrica, canais haversianos e camadas fibrosas, similares às estruturas de ossos dos vertebrados atuais. Não foram verificadas deformações mecânicas após o soterramento, provavelmente devido ao baixo grau de diagênese a que foram submetidas as rochas, além da proteção fornecida pela cimentação carbonática precoce, presente em muitos casos. Este cimento ocorre freqüentemente associado, permineralizando ou substituindo parcialmente a estrutura orgânica. Algumas vezes os espaços internos estão preenchidos por material clástico. Nos compartimentos paleoecológicos mais interiores da bacia (São José do Rio Preto e Presidente Prudente) a grande maioria dos restos fósseis é constituída por ossos fragmentados e/ou desarticulados, concentrados em fácies de barras de canais rasos ou wadis. Por outro lado, nos jazigos fossilíferos da região de Peirópolis, situados próximos da borda da bacia, são encontrados ossos de vertebrados em melhor estado de preservação. Sem dúvida, a maior disponibilidade de água favoreceu o florescimento e a manutenção da fauna e flora nas regiões marginais, em lagoas de planícies de inundação e corpos aquosos formados entre leques aluviais coalescentes. Os restos ali encontrados sofreram, assim como os do Mb. Echaporã, menor transporte antes do soterramento. Nestas regiões, a maior porosidade dos sedimentos e a maior disponibilidade de águas ricas em carbonatos, propiciou intensa cimentação dos ossos, sendo neles comuns as feições de rompimento por crescimento expansivo (displacive) de calcita. Três tipos principais de cimentação carbonática foram identificados na parte leste da bacia: pedogenética, subterrânea e diagenética; de ordem temporal aproximadamente definida, porém com freqüente sobreposição de eventos, dependendo da vulnerabilidade dos depósitos em relação aos sucessivos processos de dissolução e reprecipitação no decorrer do tempo. Os calcretes do Mb. Ponte Alta preservam claras feições de gênese associada a fluxos rasos de águas subterrâneas. Por outro lado, os calcretes pedogênicos do Mb. Echaporã são registros inequívocos de formação por processos edáficos. Nas outras unidades, em geral mais interiores, portanto originalmente menos cimentadas, a remobilização diagenética parece ter sido o principal processo transformador registrado. De modo geral, todas as associações litofaciológicas da parte oriental da Bacia Bauru apresentam algum vestígio de atividades biológicas e/ou de processos edáficos. Os melhores exemplos de formação de calcretes pedogenéticos são encontrados no Mb. Echaporã. Dentre os vestígios de raízes identificados são comuns os contra-moldes, caracterizados como túbulos preenchidos por material distinto do arcabouço (arenito ou siltito, cimentados ou não). Moldes de raízes foram encontrados, em geral, em litofácies mais finas, associadas a ambientes de maior umidade (pântano, lagoas ou planícies de inundação). A análise das seções delgadas permitiu ainda reconhecer vestígios de processos pedogenéticos de dois tipos: autóctones (encontrados em amostras do próprio horizonte edáfico) e alóctones (partículas e fragmentos líticos de origem edáfica, removidos e acumulados em litofácies de maior energia, como na base de estratos cruzados de barras arenosas ou em depósitos residuais de canal fluvial).
  • DOI: 10.11606/T.44.1998.tde-16012014-142739
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Instituto de Geociências
  • Data de criação/publicação: 1998-07-06
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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