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Suco concentrado de laranja: produção brasileira e mercado internacional

Ferreira, Fábio Luiz

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 1972-10-27

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Suco concentrado de laranja: produção brasileira e mercado internacional
  • Autor: Ferreira, Fábio Luiz
  • Orientador: Larson, Donald W
  • Assuntos: Comércio Internacional; Suco De Laranja Concentrado
  • Notas: Dissertação (Mestrado)
  • Descrição: Este estudo trata da análise das condições de mercado em determinados países, tendo em vista a capacidade de absorver um volume maior de suco concentrado de laranja produzido e exportado pelo Brasil. Como condição anterior e necessária, levou-se a efeito uma investigação dos antecedentes da produção de matéria-prima e da indústria de sucos para se determinar as possibilidades de expansão da produção nacional e, posteriormente, procurou-se levantar a situação da produção e do comércio dos países que concorrem com o Brasil nas exportações de suco concentrado de laranja. Do exame sobre as condições naturais e/ou conjunturais nas quais se deu o desenvolvimento da indústria de sucos, concluímos que: 1. O suprimento de matéria-prima às indústrias de processarnento mostrou-se suficiente no período analisado, não constituindo obstáculo ao desenvolvimento da indústria. Esta sim, surgiu como alternativa para o escoamento de uma produção crescente de frutas, ao mesmo tempo em que atuava como fator de modernização da citricultura. As pressões da demanda industrial sobre a oferta de laranjas não foram fortes o bastante para alterar de modo claro os preços médios recebidos pelos produtores o que indica a relativa abundância pré-existente da matéria-prima. A situação atual da produção e as perspectivas futuras de suprimento de matéria-prima permitem afirmar que a citricultura paulista poderá prover a indústria com fornecimentos crescentes de matéria-prima. Considerando as taxas anuais de crescimento e as estimativas formuladas no Capítulo II, para 1975, a produção de laranjas deverá estar em torno de 2.600.000 toneladas e a utilização industrial poderá absorver 1.300.000 toneladas. 2. A região onde se concentra a produção comercial de frutas cítricas e a indústria de processamento localiza-se no Estado de São Paulo e é a área de agricultura mais desenvolvida deste Estado, contando com ampla disponibilidade de capital social básico e com uma infraestrutura capaz de fornecer serviços auxiliares de toda espécie. O apoio dessa infraestrutura foi a base do desenvolvimento e do dinamismo da indústria que, desde o início, contou com as facilidades de modernos sistemas de transporte, energia, crédito, comunicações, comércio, assistência técnica e pesquisa. 3. A política cambial e a política governamental de incentivos à exportação repercutiram de maneira decisiva sobre a produção nacional de sucos cítricos, fazendo com que esta se voltasse quase que totalmente ao mercado externo, tornando os preços dos produtos destinados ao mercado externo mais vantajosos que os preços relativos das vendas no mercado interno. As alterações nas relações de preços foram devidas aos estímulos de isenções fiscais do IPI, ICM e pelo regime de “draw-back”, juntamente com a concessão de créditos do IPI e ICM. 4. O caráter de dependência da indústria em relação ao Mercado Externo é agravado por não ser esta integrada até ao consumidor final. Normalmente, os importadores são também fabricantes de suco, utilizando o produto nacional como base de um “blend” com o de outros países, ou, em outros casos, manipulam e diluem o produto na elaboração de refrigerantes e sucos naturais vendido sob suas próprias marcas comerciais. Em ambos os casos, o produto original perde a sua identidade de procedência e sua bandeira de origem. 5. A análise dos custos comparativos da produção de suco concentrado de laranja entre os dois principais países concorrentes, Brasil e Estados Unidos da América, revelou que o Brasil tem vantagem comparativa em relação aos custos pois que estes são 36% mais baixos que os custos de produção observados pela indústria cítrica da Flórida, EUA. Acresce-se que o produto brasileiro é concentrado a 65° Brix e o norte-americano a 45° Brix. 6. Os principais países que concorrem com o Brasil nos mercados mundiais de suco concentrado de laranja vêm se ressentindo de suprimentos de matéria-prima para a indústria de processamento, mostrando grande dependência de disponibilidade de frutas cujas quantidades são insuficientes e cujos preços são elevados, observando-se, na maioria dos países, um baixo aproveitamento industrial da capacidade instalada. Em consequência, há um aumento no preço dos seus produtos que reduz sua capacidade de competição e participação nos mercados mundiais, chegando mesmo a desaparecer da lista dos países exportadores, como é o caso do México e da Jamaica. 7. O preço da matéria-prima tem uma elevada participação na composição do custo do suco concentrado de laranja. No Brasil, a participação da matéria-prima representa 75% do custo final do produto. Verificou-se que no Brasil os preços médios pagos aos produtores de laranjas, no período de 1962 a 1968, foram os preços mais baixos observados, em comparação com os demais países concorrentes, significando que os custos agrícolas de produção de citros são mais baixos no Brasil. Lembrando que representam 75% do custo final do produto elaborado, conclui-se que o preço da matéria-prima favorece o processador brasileiro, contribuindo como fator decisivo no poder de competição do Brasil nos mercados mundiais. 8. A intensificação da concorrência entre os países produtores no mercado internacional vem exercendo forte pressão sobre os preços de exportação dos sucos concentrados, o que se verifica comparando-se os preços médios FOB de exportação de 1969 e 1970 que baixaram a níveis não remunerativos aos produtores norte-americanos, posto que as cláusulas comerciais vêm se mais favoráveis aos compradores. Persistindo esta tendência, a pressão sobre os preços, ditadas por um “mercado comprador”, poderá desestimular a produção em países que apresentam custos mais altos, afastando-os progressivamente do mercado de concentrados de laranja. Desse modo, as perspectivas futuras são favoráveis aos exportadores brasileiros que têm capacidade para cotar o produto a preço mais baixo do que qualquer concorrente e oferecendo quantidades crescentes do produto. 9) Nos países selecionados e estudados no Capítulo V, verificou-se a tendência de ampliação de importações para atender a demanda que cresce a elevadas taxas anuais. Os Estados Unidos da América não se caracterizam como mercado importador mas sim como reexportador do produto brasileiro, devendo portanto, ser considerado à parte, de maneira que o volume de suco concentrado que tem sido importado por aquele país não representa “ganhos de mercado” dos exportadores brasileiros, mas sim operações comerciais dos importadores norte-americanos. Outra exceção verifica-se ao mercado francês que impõe restrições quantitativas na importação de sucos concentrados. Mesmo constatando que existem possibilidades de aumento do consumo de sucos naturais de laranja, não se pode prever o volume de mercado para sucos concentrados enquanto perdurar o contingencionamento das importações. A análise realizada vale somente para indicar a potencialidade do mercado francês, sem contudo verificar suas possibilidades imediatas. Nos demais países o mercado para sucos concentrados está atravessando um rápido processo de evolução. Os “ganhos de mercado”, ou seja, o aumento da participação das exportações brasileiras no volume do mercado, têm sido significativos na Alemanha Ocidental, Holanda, Suécia, Dinamarca, Reino Unido e Canadá. Na Noruega, Bélgica-Luxemburgo, Suíça e Áustria, apesar da pequena participação das exportações brasileiras (ou nulas como na Suíça e Áustria), existem possibilidades de ampliação e/ou introdução no mercado de sucos de origem brasileira. As possibilidades de ganhos de mercado e a elevada elasticidade-renda da demanda para suco concentrado de laranja nos países considerados, conferem ao Brasil amplas perspectivas para o futuro das exportações. Com efeito, considerando-se a média das estimativas altas e baixas da quantidade demandada naqueles onze países (Quadro 62) para 1975, pode-se estimar que a demanda agregada para aqueles países deverá estar em torno de 320.000 toneladas de suco concentrado. A capacidade de produção da indústria brasileira em 1975 poderá se elevar além daquela prevista para 1973 (180 extratores), mas supondo que tal não aconteça, a indústria nacional de suco concentrado poderá produzir cerca de 110.000 toneladas do produto. Considerando que prevaleçam as condições e tendências expressas nos itens 6, 7 e 8, os preços mais baixos vigentes no mercado internacional, limitarão a participação de alguns países concorrentes e o volume de vendas dos exportadores brasileiros poderá crescer mais do que o dos países concorrentes, porém, a queda dos preços poder, limitar novos investimentos no setor. Por último, o elevado grau de dependência da indústria com relação ao mercado externo acarreta-lhe maiores riscos, colocando-a ao sabor das flutuações da política cambial internacional e de eventuais políticas de proteção dos países importadores.
  • DOI: 10.11606/D.11.1972.tde-20240301-151613
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
  • Data de criação/publicação: 1972-10-27
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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