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Avaliação instrumental da função velofaríngea, respiração e mastigação

Inge Elly Kiemle Trindade Alceu Sergio Trindade Junior; Ana Claudia Martins Sampaio-Teixeira; Ana Paula Fukushiro; Andressa Sharllene Carneiro da Silva; Bruna Mara Adorno Marmontel Araújo; Ivy Kiemle Trindade Suedam; Kátia Flores Genaro; Renata Paciello Yamashita; Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas (46. 2013 Bauru)

Anais Bauru: Universidade de São Paulo, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, 2013

Bauru Universidade de São Paulo, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais 2013

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  • Título:
    Avaliação instrumental da função velofaríngea, respiração e mastigação
  • Autor: Inge Elly Kiemle Trindade
  • Alceu Sergio Trindade Junior; Ana Claudia Martins Sampaio-Teixeira; Ana Paula Fukushiro; Andressa Sharllene Carneiro da Silva; Bruna Mara Adorno Marmontel Araújo; Ivy Kiemle Trindade Suedam; Kátia Flores Genaro; Renata Paciello Yamashita; Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas (46. 2013 Bauru)
  • Assuntos: FISSURA LÁBIOPALATINA; RESPIRAÇÃO; MASTIGAÇÃO
  • É parte de: Anais Bauru: Universidade de São Paulo, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, 2013
  • Notas: Em CD-ROM
  • Notas Locais: MPC Digital
  • Descrição: O Laboratório de Fisiologia se dedica ao estudo dos distúrbios da respiração, fala e mastigação de indivíduos com anomalias craniofaciais, particularmente nas fissuras labiopalatinas, o que contribui para o diagnóstico da área médica, fonoaudiológica e odontológica, a partir de métodos instrumentais que permitem a análise quantitativa de diversos parâmetros de interesse. Tem como objetivos: - Diagnosticar alterações das vias aéreas superiores e inferiores e do sistema estomatognático, auxiliando na definição da conduta cirúrgica; - acompanhar o tratamento cirúrgico (cirurgias de palato, cirurgia ortognática e cirurgias nasais) e terapêutico; - desenvolver pesquisas na área de Fisiologia das vias aéreas, Fisiologia da fala e do sistema estomatognático; - formar recursos humanos para a geração de conhecimentos em fisiologia da fala, respiração e mastigação. A seguir, estão descritas as técnicas instrumentais, avaliações perceptivo-auditivas e levantamentos dos sinais e sintomas respiratórios realizados no Laboratório de Fisiologia. AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DAS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS Eletromiografia na Mastigação A eletromiografia tem como objetivo avaliar a função neuromuscular mastigatória, por meio do registro dos potenciais de ação dos músculos. Assim sendo, torna-se possível avaliar a atividade dos músculos mastigatórios antes e após procedimentos, tais como: terapia de reabilitação muscular, tratamento ortodôntico, cirurgia ortognática, dentre outros. O exame é realizado utilizando-se um eletromiógrafo com sistema de amplificação acoplado a um computador. Os registros dos potenciais de ação dos músculos são obtidos a partir de eletródios bipolares de superfície posicionados paralelamente às fibras dos músculos masseteres e feixe anterior dos músculos temporais. Durante a mastigação habitual do paciente (Continua)
    (Continuação) analisa-se a duração do ato e do ciclo mastigatório e, ainda, a amplitude do potencial de ação muscular. O sistema fornece os valores médios de cada parâmetro. Ao paciente é instruído mastigar determinado tipo de alimento de modo habitual e, na sequência, novas porções de alimento são oferecidas para que realize a mastigação unilateral, tanto do lado direito quanto do esquerdo. Dentre os parâmetros eletromiográficos analisados estão a duração do ato e do ciclo mastigatório e a amplitude do potencial de ação muscular. Os registros obtidos são amplificados, filtrados e digitalizados por software específico, o qual fornece os valores médios de cada parâmetro. Esta técnica é importante para caracterizar o estado neuromuscular do sistema estomatognático nas anormalidades dentofaciais presentes nos pacientes com fissura labiopalatina. AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA Espirometria A espirometria permite determinar os volumes, fluxos e capacidades pulmonares, de modo a verificar a existência de distúrbios ventilatórios, sua natureza (padrão obstrutivo, restritivo, misto) e o grau de comprometimento (leve, moderado, grave); estimar o risco funcional de intervenções cirúrgicas; determinar a evolução das doenças e a eficiência da terapia com corticóides, broncodilatadores; avaliar a reversibilidade da obstrução das vias aéreas e documentar a incidência de distúrbios pulmonares em diferentes populações. O exame é realizado antes e após 5 minutos da inalação de um broncodilatador, por via oral (200 mcg), a fim de verificar a reversibilidade do distúrbio pulmonar. É realizado o procedimento denominado manobra da capacidade vital forçada, no qual o paciente tem as narinas ocluídas por uma pinça nasal, a fim de se evitar escape de ar. Conectado ao equipamento por meio de uma traquéia, ao paciente é solicitado (Continua)
    (Continuação) realizar uma inspiração máxima e, na sequência, realizar uma expiração forçada com esforço máximo. A partir deste procedimento, obtêm-se alguns parâmetros importantes para o diagnóstico das doenças pulmonares (obstrutivas e/ou restritivas), sendo os 4 mais relevantes: capacidade vital forçada (CVF); volume expiratório forçado no primeiro segundo da manobra da CVF (VEF1); a razão entre VEF1/CVF e o fluxo médio expiratório forçado entre 25 e 75% da manobra da CVF (FEF25- 75%). Este exame é realizado nos pacientes encaminhados pela equipe médica, com a finalidade de complementar o diagnóstico. Técnica Fluxo-Pressão A técnica fluxo-pressão é um método instrumental que permite avaliar indiretamente a permeabilidade nasal e nasofaríngea. Este método aerodinâmico é uma variação da rinomanometria convencional o qual, por meio da medida de pressões e fluxos gerados na cavidade nasal durante a respiração, permite estimar a resistência e a menor área seccional da cavidade nasal e da nasofaringe. O exame é realizado utilizando-se um sistema computadorizado (PERCI-SARS) que mede a área de secção transversa mínima da cavidade nasal e da nasofaringe separadamente. A medida da área nasal é determinada por rinomanometria posterior durante a respiração de repouso. A pressão diferencial da cavidade nasal é medida por meio de dois transdutores de pressão conectados a dois cateteres, o primeiro posicionado na cavidade oral e o segundo conectado a uma máscara posicionada sobre o nariz. O fluxo nasal é medido com um pneumotacógrafo aquecido conectado à máscara nasal e ligado a um transdutor de pressão. Ao indivíduo é solicitado respirar pelo nariz o mais naturalmente possível e os sinais de pressão e fluxo resultantes são transmitidos ao sistema para registro e análise. As medidas são obtidas no pico dos fluxos inspiratório e (Continuação)
    (Continuação) expiratório e a área nasal considerada para análise corresponde à média dessas múltiplas medidas. A área nasal pode ser também estimada por rinomanometria anterior, na qual é medida a área nasal direita e esquerda separadamente. O exame é realizado durante a respiração de repouso. O fluxo aéreo nasal é medido por meio de um transdutor de pressão conectado a um pneumotacógrafo aquecido ligado a um tubo plástico posicionado na cavidade nasal em que se deseja medir a área. A pressão nasal é medida por um transdutor de pressão conectado a um cateter posicionado na região do vestíbulo da outra cavidade nasal, o qual é mantido em posição por uma rolha de cortiça que bloqueia a narina, criando uma coluna de ar estática. A área nasal unilateral é calculada utilizando o mesmo procedimento para a rinomanometria posterior. A medida da área nasofaríngea é determinada durante a respiração de repouso como nas avaliações anteriores. Neste caso, a pressão diferencial na região nasofaríngea é medida posicionando-se um cateter na cavidade oral e outro na cavidade nasal de menor área de secção transversa. O cateter nasal é mantido em posição por uma rolha de cortiça que bloqueia a narina, permitindo, assim, a medida da pressão na nasofaringe. O fluxo aéreo nasal é medido posicionando um tubo plástico na cavidade nasal de maior área de secção transversa. O tubo é conectado ao pneumotacógrafo aquecido ligado a um terceiro transdutor, cujos sinais são enviados ao sistema. A área nasofaríngea é calculada seguindo os mesmos procedimentos utilizados para o cálculo da área nasal. A técnica é utilizada para caracterizar o estado funcional da cavidade nasal e da nasofaringe dos pacientes, com a finalidade de complementar o diagnóstico e auxiliar na definição de conduta cirúrgica. Rinometria Acústica A rinometria acústica (Continua)
    (Continuação) representa um avanço em relação à rinomanometria, pelo fato de determinar a geometria da cavidade nasal e da nasofaringe, por meio de medições consecutivas de diferentes segmentos da cavidade nasal, das narinas até a nasofaringe, o que possibilita a identificação das constrições e suas distâncias em relação às narinas, de forma rápida e não invasiva, sem a necessidade da participação ativa do paciente. A técnica se baseia na medida de ondas sonoras refletidas (ecos) que emergem da cavidade nasal em resposta a uma onda sonora incidente. É realizado por meio de um rinômetro acústico. O equipamento consiste de uma fonte sonora (alto-falante) presente na porção distal de um tubo de 24 cm, o qual possui um microfone de registro na sua porção proximal. Este tubo é ajustado a uma das cavidades nasais, paralelamente ao longo eixo do nariz. Ao paciente é solicitado suspender, voluntariamente, a respiração de repouso ao final de uma expiração. Uma onda sonora gerada pelo alto-falante se propaga pelo tubo, passa pelo microfone e entra na cavidade nasal. Variações da área de secção transversa no interior da cavidade nasal causam a reflexão da onda sonora de volta para o tubo do rinômetro. Sinais de pressão são captados pelo microfone, amplificados e digitalizados e os dados obtidos são analisados por um microcomputador com software específico. A distância da constrição é calculada com base na velocidade da onda e tempo de chegada do eco e a área de secção transversa nasal, a partir da intensidade do eco. Os dados são convertidos em função área-distância e analisados em um gráfico em escala semilogarítmica, no qual a área (em cm2) está representada no eixo y e a distância, no eixo x (em cm). O sistema faz medições em rápida sucessão (a cada 0,5s) e permite medidas da cavidade nasal, de ambos os lados independentemente (Continua)
    (Continuação) e da nasofaringe. A partir do gráfico área-distância é calculada a área de secção transversa nasal na 2ª deflexão da curva (válvula nasal), na 3ª deflexão (porção anterior da concha nasal inferior) e na 4ª deflexão (porção posterior da concha nasal inferior). A partir da integração da curva área-distância é determinado o volume em três segmentos da cavidade nasal: entre 10 e 32mm em relação à narina (válvula nasal); entre 33 e 64mm (conchas nasais) e entre 70 e 120mm (nasofaringe). O exame é realizado antes e 10 minutos após a aplicação tópica de um vasoconstrictor nasal, de modo a discriminar o efeito funcional (tecido mole-mucosa) do estrutural (ósseo-cartilaginoso). Este método é útil no planejamento cirúrgico e controle da qualidade das cirurgias nasais corretivas. AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DA FUNÇÃO VELOFARÍNGEA Nasometria A nasometria estima indiretamente a função velofaríngea por meio da medida da nasalância, uma grandeza física que corresponde à quantidade relativa de energia acústica que emerge da cavidade nasal durante a fala. A nasalância é o correlato acústico da nasalidade. É uma técnica nãoinvasiva, de fácil execução que avalia o mecanismo velofaríngeo no seu aspecto funcional. O equipamento consiste de um sistema computadorizado composto por um nasômetro e dois microfones posicionados um de cada lado de uma placa de separação sonora colocada sobre o lábio superior do paciente. O conjunto é mantido em posição por um capacete. O microfone superior capta os sinais do componente nasal da fala e o inferior, os sinais do componente oral, os quais são filtrados, digitalizados por módulos eletrônicos e processados no microcomputador por meio de um software específico. O exame é realizado durante a leitura de 2 conjuntos de frases, um formado por 5 frases contendo sons exclusivamente orais (Continua)
    (Continuação) (texto oral), para identificar hipernasalidade e outro, formado por 5 frases contendo sons predominantemente nasais (texto nasal), para identificar hiponasalidade. A nasalância é calculada pela razão numérica entre a energia acústica nasal e a energia acústica total (nasal + oral) multiplicada por 100, sendo expressa em porcentagem. Os valores de nasalância obtidos são comparados aos limites de normalidade estabelecidos no Laboratório de Fisiologia, onde se verificou, para o texto oral, o limite superior de normalidade de nasalância de 27%, o que significa que valores acima de 27% devem ser interpretados como sugestivos de hipernasalidade. Para o texto nasal, o limite inferior de normalidade corresponde a 43%, ou seja, valores abaixo de 43% são sugestivos de hiponasalidade (Ribeiro et al 1999). Por fornecer informações objetivas, as quais permitem comparar dados pré e pós-tratamento e quantificar o sucesso cirúrgico, este método é empregado para o acompanhamento dos resultados de cirurgias como: faringoplastia, palatoplastia secundária, cirurgia ortognática e cirurgia nasal. Avaliação da Função Velofaríngea (Técnica Fluxo-Pressão) A técnica fluxo-pressão permite aferir, indiretamente, a adequação da função velofaríngea durante a fala, pela medida simultânea do fluxo aéreo nasal e das pressões aéreas nasal e oral geradas no trato vocal, tomando por base o princípio hidrocinético de que a área de um orifício pode ser calculada conhecendo-se a diferença de pressão entre os dois lados do orifício e o fluxo de ar que o atravessa. O exame é realizado utilizando-se o sistema computadorizado PERCI-SARS. A área velofaríngea é determinada por meio de dois transdutores de pressão conectados a dois cateteres, um posicionado na cavidade oral e outro na narina de menor área de secção transversa mínima, este mantido em posição (Continua)
    (Continuação) por um obturador (rolha de cortiça). O fluxo aéreo nasal é medido por meio de um terceiro transdutor de pressão ligado a um pneumotacógrafo previamente aquecido, o qual é conectado a um tubo plástico adaptado à narina de maior área de secção transversa mínima. Os sinais dos três transdutores (pressão oral, pressão nasal e fluxo aéreo nasal) são enviados ao sistema para análise por software específico. A área velofaríngea é determinada durante a produção da consoante plosiva /p/, inserida no vocábulo “rampa”, na sílaba “pa” e na frase “papai pintou a rampa”. A sequência /mp/ é a mais apropriada para testar a função velofaríngea na fala contínua, uma vez que exige ajustes rápidos das estruturas velofaríngeas que passam do repouso no /m/ para a atividade máxima no /p/. São avaliadas 4 a 6 produções sucessivas de cada indivíduo. A área do orifício velofaríngeo representa à média dessas produções e é calculada pelo sistema a partir da equação: A=V/k(2P/d)1/2, onde A=área de secção transversa mínima nasal do orifício em cm2; V=fluxo nasal em cm3 /s; k=0,65; P=pressão oral-nasal em dinas/cm2; d=densidade do ar (0,001g/cm3). A área velofaríngea pode ser comparada com valores controles obtidos em indivíduos sem fissura, no entanto, é mais comum adotar-se o seguinte critério para classificação da função velofaríngea: áreas de 0 a 0,049cm2 =fechamento velofaríngeo adequado; 0,050 a 0, 099 cm2 =fechamento velofaríngeo adequado-marginal; 0,100 a 0,199cm2 = fechamento velofaríngeo marginal-inadequado e, 0,200cm2 ou mais = fechamento velofaríngeo inadequado (Warren 1997). A relevância deste método reside no fato de que, além de ser o único método capaz de quantificar as dimensões do orifício velofaríngeo, a técnica fluxo-pressão avalia o mecanismo velofaríngeo no seu aspecto funcional, (Continua)
    (Continuação) fornecendo dados objetivos sobre as repercussões aerodinâmicas de qualquer falha na função velofaríngea. Assim, torna-se possível aferir os resultados de diversos tratamentos cirúrgicos, tais como cirurgia ortognática, palatoplastia secundária e faringoplastia. Rinometria Acústica A rinometria acústica é amplamente reconhecida como técnica de avaliação da permeabilidade nasal. Entretanto, a técnica também é proposta na literatura para avaliar a atividade velofaríngea, pelo fato de permitir a mensuração da nasofaringe e, dessa forma, monitorar mudanças do volume nasofaríngeo durante a fala. A rinometria acústica consiste na análise de sons refletidos pela cavidade nasal em resposta a uma onda sonora incidente emitida por uma fonte sonora no interior de um tubo, que é encostado em uma das narinas. Os sinais de pressão sonora são captados por um microfone, também posicionado no interior de um tubo, e analisados por um software que permite a determinação das áreas seccionais nasais, visualizadas em um gráfico área-distância – o rinograma. Os volumes de diferentes segmentos nasais e da nasofaringe podem também serem medidos a partir da integração da curva área-distância. Para a avaliação da atividade velofaríngea, o exame deve ser realizado em duas etapas: repouso velar (palato mole e paredes faríngeas relaxadas) e atividade velofaríngea (palato mole elevado e/ou paredes faríngeas aproximadas na linha média). Dessa forma, na primeira etapa, com o rinômetro encostado na narina, o indivíduo é solicitado, após alguns ciclos respiratórios, a interromper a respiração ao final de uma expiação, seguindo-se a aquisição dos dados. A seguir, para a atividade velofaríngea, o indivíduo é orientado a produzir a plosiva surda /k/ inserida na sílaba /ka/, sustentando a pressão intraoral por aproximadamente 5 segundos até a (Continua)
    (Continuação) conclusão da aquisição dos dados. O volume nasofaríngeo é determinado pela integração da curva área-distância a partir do ponto de divergência entre as curvas do repouso e da atividade, que corresponde à região da borda posterior do palato duro, até 5cm daquele ponto, que corresponde à região da nasofaringe. A variação volumétrica da nasofaringe resultante da atividade velofaríngea na fala (V) é estimada pela diferença entre o volume da nasofaringe no repouso (Vr) e na fase de imposição da pressão oral do fone /k/ (Vk), ou seja, V=Vk-Vr. A rinometria acústica é um método que vêm sendo pesquisado para avaliar a função velofaríngea. No entanto, outros estudos ainda devem ser realizados, para validar esse importante instrumento na prática clínica. Se comprovado que a técnica é realmente capaz de identificar a deficiência no movimento das estruturas velofaríngeas, se tornará uma importante ferramenta no diagnóstico da disfunção velofaríngea, bem como no acompanhamento da terapia fonoaudiológica. AVALIAÇÃO SUBJETIVA DA FALA Avaliação Perceptivo-Auditiva da Fala A avaliação perceptivo-auditiva da fala visa obter informações sobre os aspectos relacionados à fala e à função velofaríngea dos casos com fissura labiopalatina. Segundo Dalston (2004), o ouvido humano é considerado um instrumento e a avaliação perceptivo-auditiva, um método indireto de avaliação da função velofaríngea. O protocolo de avaliação perceptivo-auditiva utilizado de rotina no Laboratório de Fisiologia foi elaborado de acordo com proposta de Dalston (1983) e adaptado para o português brasileiro por Trindade e Trindade Jr (1996). Nesta avaliação, as observações obtidas pelo exame físico e as características perceptivas fala, obtidas a partir da conversa espontânea e repetição de vocábulos e frases são graduadas em escala de (Continua)
    (Continuação) 6 pontos. Este protocolo permite obter dados sistematizados e, assim, melhorar a reprodutibilidade dos resultados e facilitar a documentação, principalmente em pesquisas. Nela estão contidas: - AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS: postura labial, mobilidade de lábios e língua, frênulo lingual, oclusão, morfologia do palato e úvula, fístulas, extensão e mobilidade do palato mole, inserção do véu palatino, mobilidade das paredes laterais e parede posterior da faringe e tonsilas palatinas. - AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES: FUNÇÃO VELOFARÍNGEA: Ressonância: A ressonância é classificada durante a conversa espontânea e repetição de vocábulos e frases, classificada em: 1=equilibrada, 2=hipernasalidade leve, 3=hipernasalidade leve para moderada, 4=hipernasalidade moderada, 5=hipernasalidade moderada para grave e 6=hipernasalidade grave. Os mesmos critérios são utilizados para a classificação da hiponasalidade. Teste de emissão nasal: A emissão de ar nasal é classificada levando-se em consideração a quantidade de escape de ar nasal detectada durante a emissão da produção sustentada das vogais /i/ e /u/, dos fonemas fricativos, da emissão de vocábulos e frases contendo fonemas plosivos e fricativos exclusivamente orais e durante o sopro prolongado. Utilizando-se um espelho de Glatzel, o escape é classificado considerando-se a extensão do embaçamento do espelho, em escala de 6 pontos, sendo 1=ausência de escape aéreo nasal, 2=escape aéreo nasal leve, 3=escape aéreo nasal leve para moderado, 4=escape aéreo nasal moderado, 5=escape aéreo nasal moderado para intenso e 6=escape aéreo nasal intenso. Articulação: O levantamento das alterações articulatórias visa classificar as alterações encontradas, relacionando-as aos aspectos oro-estruturais, à disfunção velofaríngea ou a alterações fonológicas. As alterações (Continua)
    (Continuação) articulatórias mais comuns em pacientes com fissura labiopalatina e disfunção velofaríngea são os distúrbios articulatórios compensatórios, os distúrbios articulatórios obrigatórios e as adaptações compensatórias decorrentes de deformidades dentofaciais (Genaro et al 2007). Neste protocolo de avaliação, classificam-se apenas os distúrbios articulatórios compensatórios em 1=presente e 2=ausente. Inteligibilidade: O julgamento da inteligibilidade da fala representa o quanto o ouvinte está compreendendo a fala. A inteligibilidade da fala é classificada como boa, pouco prejudicada, moderadamente prejudicada, muito prejudicada ou ininteligível, levando-se em consideração, fatores como: articulação, ressonância, emissão de ar nasal, fonação, velocidade de fala, fluência e entonação. VOZ: qualidade vocal, pitch e loudness. Em particular, a avaliação da ressonância e da articulação é fundamental no diagnóstico e definição da conduta terapêutica a ser adotada no tratamento das alterações de comunicação da fissura labiopalatina, podendo ser considerado o exame mais relevante na avaliação da função velofaríngea. A avaliação perceptivo-auditiva da fala permite se fazer uma idéia bastante clara sobre o funcionamento do mecanismo velofaríngeo, o que torna tal avaliação indispensável no diagnóstico e definição do tratamento. Entretanto, a avaliação perceptivo-auditiva é um método subjetivo. Para torná-la mais objetiva, elaborou-se, no Laboratório de Fisiologia, uma proposta de classificação da função velofaríngea com base nos escores de hipernasalidade, emissão de ar nasal e presença ou não de articulações compensatórias, obtidos durante a avaliação perceptivo-auditiva da fala. Deste modo, a função velofaríngea é classificada utilizando-se uma escala de 3 pontos, sendo 1=função velofaríngea (Continua)
    (Continuação) adequada, 2=função velofaríngea marginal e 3=função velofaríngea inadequada (Trindade et al 2005). AVALIAÇÃO CLÍNICA DAS FUNÇÕES ESTOMATOGNÁTICAS As cirurgias reparadoras de lábio e palato podem levar à deficiência do crescimento da maxila, o que acarreta alterações no sistema estomatognático e nas funções de mastigação, deglutição, respiração e fala. Nestes casos, é fundamental a avaliação miofuncional orofacial, com o objetivo de definir condutas e auxiliar o terapeuta quanto aos encaminhamentos necessários. O protocolo desenvolvido e utilizado no Laboratório de Fisiologia é baseado em escores que são atribuídos aos diversos parâmetros do exame clínico do sistema estomatognático. Este protocolo é aplicado, especificamente, nos pacientes submetidos à cirurgia ortognática e em pacientes em tratamento ortodôntico encaminhados para complementação do diagnóstico e auxílio na definição de conduta. Nele estão contidas: - HISTÓRIA CLÍNICA: levantamento de questões sobre saúde geral, hábitos orais, aspectos respiratórios, função mastigatória, função de deglutição e fala, aspectos auditivos, vestibulares e vocais. - AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS: • lábios, bochechas, língua, palato duro, véu palatino, úvula, fístula, tonsilas palatinas, mandíbula, dentes e oclusão dentária; • análise facial numérica e subjetiva: altura e largura, assimetrias, projeção zigomática, ângulo naso-labial, sulco naso-geniano, sulco mento-labial; • postura de cabeça e de cintura escapular; • tônus e tensão muscular de bochechas, masseteres, lábios, língua e mentális; • mobilidade/motricidade da bochechas, língua, lábios, mandíbula, véu palatino, paredes laterais e posterior da faringe. • dor à palpação: pesquisada na articulação temporomandibular (ATM) e nos músculos masseteres, temporais, (Continua)
    (Continuação) pterigóideos medial e lateral, trapézio e esternocleidomastóideos. - AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES: • FUNÇÃO VELOFARÍNGEA: teste de emissão de ar nasal e classificação da função velofaríngea, segundo proposta de Trindade et al (2005); • FUNÇÃO MASTIGATÓRIA: preensão do alimento, movimentos de mandíbula, contração de masseter, postura de lábios, participação da musculatura perioral, tipo de mastigação, presença de ruídos na ATM, tempo de mastigação e formação do bolo alimentar. • FUNÇÃO DA DEGLUTIÇÃO: participação da musculatura perioral, interposição de língua, pressionamento lingual, interposição de lábio, ruídos, movimentos de cabeça, contração de mentális, presença de resíduos alimentares na cavidade oral e ocorrência de engasgo, tosse, soluço e alterações vocais durante a deglutição. • FUNÇÃO RESPIRATÓRIA: modo, tipo, coordenação pneumofonoarticulatória, simetria do fluxo aéreo nasal. • VOZ: classificação quanto à ressonância, qualidade vocal, pitch, loudness, ataque vocal, modulação e resistência vocal. • FALA: Este aspecto é avaliado durante a fala espontânea e a fala dirigida. É realizado o levantamento e classificação das alterações de fala em: fonológicas, compensatórias, obrigatórias e as decorrentes das deformidades dentofaciais, além da presença de desvio de mandíbula durante a fala. Classifica-se, também, a inteligibilidade de fala. LEVANTAMENTO DOS SINAIS E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS As fissuras labiopalatinas, frequentemente, são associadas a deformidades nasais importantes ocasionadas pela própria anomalia congênita e, também, pelas cirurgias primárias realizadas na infância que, com freqüência, reduzem as dimensões da cavidade nasal comprometendo a permeabilidade nasal (Warren et al 1992). Pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Fisiologia mostraram a (Continua)
    (Continuação) importância de associar o levantamento das queixas respiratórias relatadas pelos pacientes ou responsáveis aos métodos instrumentais, de modo a identificar e caracterizar as alterações da função respiratória e função velofaríngea, inclusive no acompanhamento dos resultados de tratamentos cirúrgicos (Yamashita e Trindade 2008). O levantamento de sinais e sintomas respiratórios é realizado por meio de inventários e questionários específicos, os quais são aplicados ao paciente e/ou acompanhante ou responsável. Os questionários são selecionados de acordo com a finalidade do atendimento e aplicados nos pacientes submetidos às cirurgias secundárias (faringoplastia, ortognática e cirurgias nasais), em pacientes encaminhados por outros setores, com a finalidade de complementar o diagnóstico e auxiliar na definição de conduta e em pesquisas. Tem o objetivo de obter informações referentes à: presença e gravidade de obstrução nasal; respiração oral; dificuldade respiratória durante o sono, de acordo com a finalidade do atendimento. Contêm as seguintes informações: - Presença e gravidade da obstrução nasal: doença respiratória, dificuldade em respirar pelo nariz, secreção nasal, uso de descongestionante nasal, perda de olfato, dificuldade em assoar o nariz. - Respiração oral: resfriados frequentes, secreção na garganta, falta de ar, dificuldade respiratória durante esforço físico, respiração ruidosa ou ronco durante o sono. -Dificuldade respiratória durante o sono: dificuldades para dormir, obstrução respiratória durante o sono, sono agitado, sonolência durante o dia, cansaço constante, problemas de concentração. Outros aspectos: perda de energia, perda de apetite, perda de peso, náusea/vômito, tabagismo. LEVANTAMENTO DE SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO CRANIOMANDIBULAR Trata-se de um questionário elaborado segundo o (Continua)
    (Continuação) modelo de Fonseca (1992), no qual são levantadas as informações referentes à articulação temporomandibular, especificamente, mobilidade e sintomatologia dolorosa, com o objetivo de identificar a presença e o grau de disfunção craniomandibular. Este questionário é aplicado aos pacientes (e/ou responsáveis) submetidos à cirurgia ortognática (avanço de maxila e liberação de anquilose mandibular)
  • Editor: Bauru Universidade de São Paulo, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais
  • Data de criação/publicação: 2013
  • Formato: res. CE121.
  • Idioma: Português

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