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Caracterização dos fatores de risco biopsicossociais à gestação e ao desenvolvimento fetal
Christiane de Sá Martins Eucia Beatriz Lopes Petean
2006
Localização:
FFCLRP - Fac. Fil. Ciên. Let. de R. Preto
(Martins, Christiane de S )
(Acessar)
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Título:
Caracterização dos fatores de risco biopsicossociais à gestação e ao desenvolvimento fetal
Autor:
Christiane de Sá Martins
Eucia Beatriz Lopes Petean
Assuntos:
ANSIEDADE
;
DEPRESSÃO
;
COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ
Notas:
Dissertação (Mestrado)
Descrição:
A gravidez caracteriza-se como um período instável do ponto de vista emocional em decorrência tanto do processo de reestruturação
da
identidade, redefinições de papéis e ajustamento na integração do casal quanto pelas alterações hormonais, modificações fisicas do corpo, do peso e
da
forma que acompanham o período gravídico. Por essa necessidade de adaptações vivenciadas pelas gestantes, a gestação é considerada um período de crise dentro do processo de desenvolvimento psicológico. Tem sido cada vez mais apontado na literatura uma estreita vinculação entre o estado emocional matemo com complicações obstétricas e/ou intercorrências clínicas e prejuízo no desenvolvimento fetal. Dessa forma, este estudo objetivou conhecer as condições socioeconômicas, demográficas e biopsicossociais vivenciadas por uma amostra de gestantes atendidas no Centro de Saúde Escola
da
FMRP-USP, de maneira a detectar os possíveis fatores de risco para o quadro clínico-obstétrico, para a saúde mental materna e para o desenvolvimento do bebê a que estas gestantes estão expostas. Participaram deste estudo 20 gestantes que se encontravam até o segundo trimestre gestacional e com idade entre 18 a 35 anos de idade. Como critério de exclusão, as gestantes não apresentavam patologias associadas à gravidez tais como diabetes e hipertensão pré-gestacional e diagnóstico de anomalia fetal. Foram utilizados os instrumentos Inventário de Depressão do Beck. (BDI), Escala de Edimburgo e Inventário de
Ansiedade Traço-Estado (IDATE) para detectar sintomas de depressão e ansiedade respectivamente. Foi realizada uma entrevista utilizando-se um roteiro semi-estruturado elaborado para atender os objetivos deste estudo, visando obter os dados socioeconômicos, demográficos, conhecer a estrutura e dinâmica familiar, suporte social, expectativas quanto à gestação, desenvolvimento do bebê e sentimentos vivenciados por elas. Os dados
da
entrevista foram analisados através do sistema quantitativo-interpretativo, buscando-se detectar unidades de significação e estabelecer categorias de respostas. Quanto à situação socioeconômica, pode-se constatar pelos resultados que 30% das gestantes precisam de ajuda para se sustentar sendo que destas, apenas 20% de fato recebe; 65% afirmam que sua situação financeira é motivo de preocupação, entretanto, apenas 20% avaliam sua situação financeira como ruim. Quanto aos sentimentos manifestados pelas gestantes em relação à gestação: 45% manifestam sentimentos positivos, 35% sentimentos ambivalentes e 20% sentimentos negativos. Ao saberem da gravidez, 20% das gestantes expressaram sentimentos positivos, 40% sentimentos ambivalentes e 40% sentimentos negativos. Quanto à reação do companheiro ao saber da gravidez, de acordo com as entrevistadas, 75% apresentaram reação positiva; 10% reação ambivalente, 10% reação negativa e um não foi informado. Pode-se constatar um baixo índice de planejamento da gravidez; apenas
20% disseram ter planejado e 30% faziam uso de método contraceptivo. Os principais medos em relação à gestação apresentados pelas gestantes foram referentes às complicações no parto, saúde do bebê e quanto a ser capaz de exercer o papel de cuidadora. Em relação à percepção delas quanto ao seu estado fisico, 50% apresentam alguma queixa fisica mas percebe seu estado como sendo bom, 30% sentem-se bem e 20% não se sentem bem fisicamente. Em relação ao seu estado emocional, 60% apresentam alguma queixa emocional mas percebem seu estado como sendo bom, 25% sentem-se bem e 15% relatam não estar bem emocionalmente. Em relação à avaliação das gestantes de sua relação com o companheiro, 55% avaliam positivamente, 20% avaliam positivamente, mas afirmam ter dificuldades no relacionamento, 15% avaliam negativamente e 10% não avaliaram por não ter companheiro. 60% das gestantes constatam mudança no seu relacionamento conjugal em decorrência
da
gravidez, sendo que destas, apenas 12% percebem essa mudança como ruim. Quanto aos resultados obtidos pelo IDATE, sete gestantes apresentaram percentil elevado para ansiedade-Traço e apenas uma apresentou também para ansiedade-Estado. No que se refere à avaliação de depressão, sete gestantes apresentaram índice elevado na Escala de Edimburgo, sendo que destas, quatro também apresentaram no BDI. Pode-se constatar que seis gestantes apresentaram índices elevados tanto para ansiedade quanto para depressão, sendo
que oito gestantes apresentaram para pelo menos um destes dois estados emocionais. Os resultados apontam índices mais elevados para ansiedade e/ou depressão entre as gestantes com baixa condição socioeconômica e baixo suporte conjugal. Foi verificado um elevado número de intercorrências e/ou complicações obstétricas (45%) nesta população, sendo que se pode constatar associação entre estas e instabilidade conjugal (não ser casada), não planejamento
da
gravidez e índices elevados de ansiedade e depressão. Quanto à saúde do recém-nascido, quatro nasceram com peso insuficiente e dois com baixo peso. Três bebês obtiveram Apgar menor que oito e maior ou igual a quatro e três receberam Apgar menor que três, caracterizando situação de risco para o desenvolvimento infantil. Pode-se verificar associação entre as intercorrências e/ou complicações obstétricas com Apgar baixos e peso insuficiente ou baixo peso. Dentre os fatores de risco, pode-se constatar que os fatores médicos foram os mais associados com o baixo Apgar e baixo peso do recém nascido, sendo que a hiperemese e a amniorrexe prematura foram as complicações obstétricas mais fteqüentes entre as gestantes. A elevada incidência de gestantes com ansiedade e/ou depressão evidencia a necessidade de programas de suporte psicológico específicos para esta população. Fazem-se necessários estudos futuros que abranjam a compreensão da inter-relação dinâmica entre os diversos fatores que contribuem para que
uma situação se constitua em risco com o intuito de proporcionar intervenções específicas que favoreçam a promoção de saúde e qualidade de vida para estas gestantes e seus bebês
Data de criação/publicação:
2006
Formato:
138 p anexos.
Idioma:
Português
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