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A cracolândia muito além do crack
Arruda, Marcel Segalla Bueno
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola de Enfermagem 2014-06-06
Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.
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Título:
A cracolândia muito além do crack
Autor:
Arruda, Marcel Segalla Bueno
Orientador:
Soares, Cassia Baldini
Assuntos:
Classes Sociais
;
Saúde Coletiva
;
Marginalização Social
;
Drogas Ilícitas
;
Cocaína Crack
;
Illicit Drug
;
Crack Cocaine
;
Public Health
;
Social Classes
;
Social Marginalization
Notas:
Dissertação (Mestrado)
Descrição:
Introdução: Este estudo examina o sujeito social que constitui a Cracolândia, território na área de Luz, cidade de São Paulo. Assume-se que o fenômeno da Cracolândia é parte da questão social e, portanto, não pode ser atribuída ao uso de drogas, ou ao efeito do crack. A análise dos trabalhos científicos levantados na revisão da literatura, indexados na base de dados Scopus, permitiu perceber a conformidade da maior parte da produção científica com os fundamentos da moderna saúde pública, que busca identificar os grupos vulneráveis ao consumo de crack, deixando de fora da equação a dimensão estrutural que conforma a questão social e as dimensões da produção e da circulação do crack, como uma droga ilícita. O objetivo geral é o compreender o sujeito social que constitui a Cracolândia e os objetivos específicos são: identificar a reprodução social dos indivíduos que frequentam ou que vivem na Cracolândia; analisar as trajetórias de vida desses sujeitos e levantar a presença de consumo de crack e a percepção do papel do consumo em suas vidas e nas vidas dos usuários em geral. O objetivo político é o de propor uma nova base para políticas públicas na região da Cracolândia, a partir da compreensão da realidade de quem frequenta ou vive na região. Método: Este é um estudo de caso, uma pesquisa qualitativa desenvolvida sob os fundamentos teóricos do materialismo histórico e dialético, no campo da Saúde Coletiva, que se pauta pela explicação social a respeito do fenômeno do uso de drogas. Utilizou-se entrevistas, desenvolvendo-se um instrumento de coleta de dados com duas partes: a) variáveis para a composição do Índice de Reprodução Social das famílias dos participantes e b) questões abertas sobre a trajetória de vida dos indivíduos, o lugar que a Cracolândia e o crack ocupam nessas trajetórias. O trabalho de campo foi realizado na Cracolândia, usando a técnica de bola de neve. Foram entrevistados dez participantes, nove homens e uma mulher. Resultados: Os resultados mostram que quase todos os entrevistados vieram de outros estados do Brasil, tendo imigrado por diversos motivos: ameaças à vida, para escapar de penas de prisão, perseguição política e, especialmente, para buscar melhores condições sociais. Viver na Cracolândia para todos parece ter uma dimensão de proteção forte, procurada por conta da marginalização, atributo da questão social, um processo histórico inerente às sociedades capitalistas. Assim, o grupo chegou à Cracolândia pela ausência de proteção social, processo agravado pelo modelo capitalista neoliberal. Com relação ao uso de drogas, sete relataram o uso de crack e de drogas lícitas. Conclusão: Conclui-se que a categoria central para a compreensão do sujeito social que constitui a Cracolândia é a questão social e não a questão do uso de drogas ou crack particularmente. As pessoas que frequentam ou moram na Cracolândia estão essencialmente expostas a processos de empobrecimento e marginalização resultantes da reestruturação produtiva do capitalismo e da desproteção social, que reduziu empregos formais e brutalmente expandiu o exército de reserva, que é parcialmente representado pelo grupo social que constitui a Cracolândia de São Paulo.
DOI:
10.11606/D.7.2014.tde-06112014-130632
Editor:
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola de Enfermagem
Data de criação/publicação:
2014-06-06
Formato:
Adobe PDF
Idioma:
Português
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