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Estudos sobre as raças do milho indígena “Caingang”

Patermiani, Ernesto

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 1954-01-01

Acesso online

  • Título:
    Estudos sobre as raças do milho indígena “Caingang”
  • Autor: Patermiani, Ernesto
  • Assuntos: Linhagens Vegetais; Melhoramento Genético Vegetal; Milho
  • Descrição: 1 - A principal finalidade do presente trabalho foi promover um estudo do milho indígena cultivado pelos índios da tribu Caingang, um grupo étnico que ocupava antigamente uma grande área compreendida pelos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio-Grande do Sul. Atualmente, o grupo está reduzido a poucas aldeias sob os cuidados do S.P.I. (Serviço de Proteção aos Índios). O material estudado, em parte colhido pessoalmente por nós em 1953 e em parte enviado por outras pessoas em anos anteriores, provêm de cinco localidades cujas situações geográficas estão assinaladas na pag. 17 e na Fig. 1. 2· Foram adotadas as seguintes definições: Uma raça é um grupo de indivíduos relacionados, com suficientes característicos hereditários em comum para permitir o seu reconhecimento como um grupo, e com uma distribuição geográfica definida. Raças antigas são aquelas que tem uma origem tão remota no tempo que não é possível estabelecer para as mesmas uma origem híbrida. Raças sintéticas são aquelas que, segundo se supõe, originaram-se por meio de hibridações de outras raças, notadamente das raças antigas, e que depois foram selecionadas para um determinado tipo. Raças indígenas são aquelas encontradas em cultivo pelos índios não civilizados e que, segundo se acredita, vêm sendo cultivadas por esses povos selvagens, desde épocas pré-colombianas. Raças comerciais são aquelas cultivadas pelos agricultores civilizados, e que já estão adaptadas ao modo de cultivo por parte desses agricultores. 3. - Para fins descritivos, os caracteres usados devem satisfazer os seguintes quesitos: a) Permitir medições ou contagens, fornecendo assim dados, que possam ser submetidos a uma análise estatística; b) não ser sujeitos a uma excessiva variação fenotípica. Porém, quando referências a tais caracteres modificáveis tornam-se indispensáveis as observações devem ser obtidas de material cultivado em condições ambientais idênticas. c) não possuir uma variabilidade estatística excessiva. Usamos como indicação desta variabilidade, o coeficiente de variação, e para o presente material, chegamos à conclusão de que um coeficiente de variação até 16% indica uma variação pequena, até 21% indica uma variação grande, mas ainda aceitável, sendo que valores superiores a 21% indicam caracteres excessivamente variáveis (Fig. 14). d) caracteres de natureza qualitativa como a coloração, por exemplo, podem ser usados, desde que sejam suficientemente constantes. Os caracteres analisados são citados na fig. 14. 3-4 - Caracteres das plantas:- Entre os caracteres mencionados na tabela 7, a altura da planta e altura da espiga são fenotipicamente muito variáveis, exigindo para o seu estudo, dados obtidos de culturas em condições idênticas. É interessante assinalar, que a altura da planta e a altura da espiga estão correlacionadas com a latitude de origem, o mesmo acontecendo com o tempo requerido da semeadura à floração. Foi observada ainda uma certa variação fenotípica referente ao diagrama de internódios da planta. O número de folhas acima e abaixo da espiga, mostrou-se menos afetado ainda pelas condições ambientais. 3-2 - Caracteres da flecha:- Dente os caracteres assinalados nas tabelas 8 e 9, apenas o comprimento da bainha da última folha mostrou-se medianamente afetado pelas condições de ambiente. Os demais podem ser considerados como fenotipicamente estáveis. No milho Caiugang como em geral em raças sulamericanas, as últimas folhas da planta, adquirem um aspecto de espatas, encobrindo a inflorescência masculina até pouco antes da deiscência do pólen. Os dados sobre o número de ramificações de 2ª, e 3ª ordem são extremamente variáveis. 3-3 - Caracteres da espiga:- Os dados referentes à espiga, assinalados nas tabelas 10 e 11, são os mais constantes de todos os demais, justificando assim o seu emprego de preferência para a classificação de raças. 4 - são os seguintes os resultadas do estudo do material e da análise estatística: 4-1 - O milho mais característico dos Caingang, denominado dente branco Caingang, se divide pelos menos em dois grupos regionais: o do Paraná e o de São Paulo, mostrando ainda indicações das formações de sub-raças locais. 4-2 Numa única ocasião verificamos em cultivo pelos Caingang, um milho amarelo amiláceo que corresponde, quanto ao tipo da espiga e grãos, ao milho predominante dos Guarani do Sul, índios estes que ocupam uma área contígua ao oeste da área dos Caingang. As diferenças entre o Caingang dente branco e o Amarelo Ivaí são bastante grandes, provando assim que tratam-se de raças diferentes. 4-3 - Recebemos numa ocasião, procedente de índios Caingang, uma amostra de milho pipoca, a qual entretanto produziu descendências tão heterogêneas que não pode ser estudada do ponto de vista racial. 4-4 - As médias referentes aos caracteres das sub-raças dente branco (de São Paulo e do Paraná), bem como da raça Amarelo Ivaí, encontram-se nas páginas 55 e 56. 5 - Origem do dente branco Caingang: 5-1 - Comparando o dente branco Caingang com outros tipos de dente indígenas, como os da Bacia Amazônica, e dente Capio, o milho de Cuzco, dentes da Colômbia, dentes do México, bem como o “Corn belt dente”, foi verificado que a raça dos Caingang deve ser considerada completamente "sui generis", isto é, como raça antiga. 5-2 - O milho dente branco Caingang não pode ser considerado como raça antiga sintética, porque não são conhecidas, na região, outras raças antigas, que por cruzamento, poderiam ter dado origem ao milho Caingang. 5-3 - Foi adotada a hipótese, já ventilada na literatura, de que a origem dos milhos indentados em geral deve ser atribuída de um lado à existência, na reserva genética das populações, dos gens responsável s pela indentação, e de outro lado a uma preferência dos antigos índios Caingang, que promoveram uma seleção massal favorecendo o acúmulo e a fixação desses gens. 5-4 - Não encontramos nenhum característico no milho Caingang, que possa ser considerado como primitivo. Foi atribuída especial atenção a questão dos aleles do locus Tu. Não encontramos no Caingang a existência de outro alele senão do recessivo Tu. 6 - Para o melhorista o milho dente branco Caingang pode oferecer um ótimo material pelas seguintes razões: possue espigas cilíndricas, apresenta bom tipo de indentação, embora seja do tipo amiláceo, é adaptado ao clima tropical e subtropical, apresentando ainda uma alta capacidade combinatória geral. Apresenta apenas o defeito, para as nossas condições, de apresentar coloração branca.
  • DOI: 10.11606/T.11.1900.tde-20231122-092821
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
  • Data de criação/publicação: 1954-01-01
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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