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Influência da nutrição sobre aspectos da fisiologia e nutrição de abelhas Apis mellifera

Cremonez, Tânia Marisa

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto 2001-09-17

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Influência da nutrição sobre aspectos da fisiologia e nutrição de abelhas Apis mellifera
  • Autor: Cremonez, Tânia Marisa
  • Orientador: Jong, David de
  • Assuntos: Apis Mellifera; Operárias Nutrizes; Pólen; Proteínas Da Hemolinfa; Apis Mellifera; Hemolymph Proteins; Pollen
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: A carência de pólen na natureza pode afetar a produtividade das colônias, bem como a fisiologia das próprias abelhas, já que estas necessitam de alimentos proteicos para o desenvolvimento dos tecidos do corpo e das glândulas, como por exemplo a glândula hipofaringeana. A falta de alimento proteico interfere na síntese proteica (já que fornece material e energia necessários a síntese), na longevidade das abelhas e na resposta imunológica das operárias. Os critérios tradicionalmente utilizados para avaliar se determinados alimentos são adequados para substituir o pólen são: a quantidade de alimento consumido e a produção de cria pela colônia. A determinação da área de cria é uma medida adequada porque reflete a qualidade da dieta consumida: alimento escasso ou com teor nutritivo baixo resulta em diminuição da postura. Entretanto, interferências do ambiente, através de fontes naturais de pólen, podem acabar confundindo os dados. Pesquisadores têm contornado este problema alimentando pequenas colônias confinadas em gaiolas, mas este procedimento é demorado, se estendendo por 10 a 16 semanas e, além disso, é muito dispendioso. Um outro critério eficiente na determinação da eficiência das dietas proteicas é a determinação dos títulos de proteína na hemolinfa em operárias confinadas e alimentadas com as dietas a serem testadas. O objetivo deste trabalho foi determinar como as dietas proteicas (natural ou artificial) e as condições na colméia (presença ou ausência da rainha) afetam a fisiologia das abelhas Apis mellifera. Os parâmetros analisados foram a produção de cria nas colônias, a capacidade imunológica, o teor proteico na hemolinfa e a longevidade das operárias. A concentração de proteína total na hemolinfa, de operárias recém-emergidas e de 7 dias de vida adulta de colônias sem suplementação proteica, foi determinada durante todos os meses do ano, de setembro de 1999 a setembro de 2000, para relacionarmos com a temperatura e umidade relativa ambiental, parâmetros associados com a disponibilidade de alimento na natureza. Nas operárias recém-emergidas, a concentração de proteína total foi menor nos meses de baixa temperatura ambiental, comparado com os meses de verão. Nas operárias de 7 dias de vida adulta, observamos que nos meses de alta temperatura e alta umidade relativa, meses em que existia grande quantidade de pólen na natureza, a concentração de proteína total foi maior que nos meses com baixas temperaturas e baixa umidade relativa, meses de inverno, onde se observa pouco alimento disponível na natureza. Em todos os meses, no entanto, concentração de proteína total na hemolinfa das operárias de 7 dias, quando estas foram comparadas com abelhas recém-emergidas (aumento médio de 159%). Nas operárias recém emergidas, a concentração de proteína na hemolinfa reflete a quantidade e qualidade do alimento recebido na fase de larva, uma vez que estas abelhas não se alimentaram após a emergência. Nas operárias de 7 dias de vida adulta, a concentração de proteína na hemolinfa é influenciada pela temperatura e umidade relativa ambiental e, sabendo-se que a disponibilidade de pólen na natureza é afetada por estes fatores, concluímos que a concentração de proteína na hemolinfa também é influenciada pela disponibilidade de alimento na natureza. O aumento na concentração de proteína total nas operárias de 7 dias de vida adulta, em relação às operárias recém-emergidas, é explicada pelo aumento na síntese de proteína pelas operárias entre o 5° e o 15° dia de vida adulta, quando estas abelhas estão alimentando as crias. Em épocas de carência de pólen, o fornecimento de dietas proteicas alternativas pode ajudar a melhorar o desempenho da colônia. Existem muitos materiais utilizados pelos apicultores nestes períodos. Algumas dietas proteicas mostraram ser tão eficientes quanto o pólen, no entanto, elas são menos atrativas que este. observamos uma maior O valor nutricional de algumas dietas: (1) 40% de pólen coletado de favos (beebread) misturado a 60% de candy (açúcar e mel); (2) 30% de farinha de soja, 10% de levedura de cana e 60% de açúcar; (3) 50% de açúcar em água (xarope), foi determinado pelos critérios de produção de cria e dosagem dos títulos de proteína na hemolinfa. Nas colônias confinadas em gaiolas e alimentadas somente com as dietas testadas, vimos que, com as dietas ricas em proteína, as colônias produziram cria, entretanto, em níveis menores que nas colônias em condições naturais. A mesma tendência foi observada pelo método de determinação dos títulos de proteína na hemolinfa de operárias confinadas em pequenas gaiolas (grupos de 100 operárias) e alimentadas com as dietas teste. No grupo alimentado com a dieta de xarope, alimento pobre em proteína, houve uma interrupção da produção de cria, e os títulos de proteína na hemolinfa diminuiram em relação aos das abelhas recém-emergidas, quando o normal seria um aumento destes títulos nas operárias entre o quinto e o décimo quinto dia de vida adulta. A dieta de farinha de soja, levedura de cana e açúcar, mostrou-se eficiente tanto quanto a dieta de pólen estocado, alimento natural das abelhas. A dieta de xarope, dieta pobre em proteína, é incapaz de prover a produção de cria, ou o aumento nos títulos de proteína na hemolinfa das operárias. O método de testar dietas proteicas baseado na determinação dos títulos de proteína total em operárias confinadas em pequenos grupos e alimentadas com as dietas, mostrou ser tão eficiente e mais rápido que o método de determinação da produção de cria para análise das dietas artificiais. A resposta imunológica foi investigada em operárias de Apis mellifera confinadas em pequenas caixas (grupos de 100 operárias), mantidas em estufa a 32°C e 80% de umidade relativa durante 4 ou 7 dias e alimentadas com diferentes dietas: (1) 40% de pólen coletado de favos (beebread) misturado a 60% de candy (açúcar e mel); (2) 30% de farinha de soja, 10% de levedura de cana e 60% de açúcar; (3) 50% de açúcar em água (xarope), para determinarmos se as dietas artificiais promovem uma resposta imunológica normal, igual a resposta observada quando elas se alimentam de pólen. As abelhas alimentadas com as dietas ricas em proteína (pólen e farinha de soja) tiveram títulos significativamente maiores de fenoloxidase e lisozima em resposta à infecção, que as abelhas alimentadas apenas com xarope. Grupos alimentados com xarope, submetidos ou não à infecção no 4Q dia, não diferiram quanto ao título de fenoloxidase. Quando mantidos neste regime alimentar por mais 3 dias e submetidos à infecção no 7Q dia, mostraram títulos de fenoloxidase e lisozima significativamente inferiores que os controles. Outros grupos de abelhas foram alimentados com xarope até o 4Q dia e depois até o 7Q, alimentados com pólen, os títulos de fenoloxidase e lisozima não apresentaram diferença significante após a infecção. Os títulos de proteína total, lisozima e fenoloxidase na hemolinfa das abelhas alimentadas exclusivamente com xarope mostraram-se baixos em relação aos grupos que receberam dietas proteicas durante todo o experimento. Durante o período considerado, a mudança da dieta exclusiva de açúcar para a dieta contendo pólen não foi suficiente para estimular uma resposta imune suficiente. Em conclusão: a qualidade da dieta é essencial para a ocorrência da resposta imune. Além disso, a resposta não depende da origem das proteínas da dieta: ocorre após alimentação com pólen, fonte natural de proteínas para as abelhas, assim como após consumo de dieta artificial (farinha de soja/levedura/açúcar), também rica em proteínas. A ausência da rainha em uma colônia provoca muitas alterações no comportamento (como por exemplo, aumento na agressividade) e na fisiologia das operárias (desenvolvimento do ovário, aumento da síntese de vitelogenina, etc). Analisamos como a ausência da rainha interfere na concentração de proteína total das operárias recém-emergidas e na longevidade destas. A longevidade das operárias, cujo desenvolvimento larval ocorreu na ausência da rainha, foi maior que nas operárias que se desenvolveram na presença da rainha. O título de proteína na hemolinfa foi maior nas abelhas recém emergidas que se desenvolveram e foram alimentadas, quando larvas, na ausência de rainha do que nas abelhas criadas na presença de uma rainha. Assim, nossa conclusão é que a maior longevidade das abelhas criadas na orfandade deve envolver uma alimentação reforçada das larvas em colônias sem rainha. Na ausência da rainha, a colônia fica sem reposição de novas abelhas e, portanto, um aumento na longevidade poderia constituir estratégia para a manutenção da população, até que a nova rainha inicie a ovoposição.
  • DOI: 10.11606/T.59.2001.tde-14072021-155531
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
  • Data de criação/publicação: 2001-09-17
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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