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Entre trapos e colchas: vestígios da memória LGBT sobre as primeiras respostas paulistanas à epidemia de HIV/Aids

Bortolozzi, Remom Matheus

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina 2021-05-28

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Entre trapos e colchas: vestígios da memória LGBT sobre as primeiras respostas paulistanas à epidemia de HIV/Aids
  • Autor: Bortolozzi, Remom Matheus
  • Orientador: Paiva, Vera Silvia Facciolla
  • Assuntos: Síndrome De Imunodeficiência Adquirida/História; Síndrome Da Imunodeficiência Adquirida; Saúde Coletiva; Organizações; Minorias Sexuais E De Gênero; Homossexualidade Masculina; Hiv; Homosexuality Male; Organizations; Public Health; Sexual And Gender Minorities; Acquired Immunodeficiency Syndrome/History; Acquired Immunodeficiency Syndrome
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: Foi objetivo deste estudo revisitar a história da resposta à epidemia de HIV/Aids na cidade de São Paulo, epicentro da epidemia brasileira, recuperando arquivos da memória de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Essas respostas comunitárias são legado inspirador de uma pedagogia da prevenção que podem contribuir para o enfrentamento da crescente vulnerabilidade de homossexuais à infecção e adoecimento por HIV/Aids. Os materiais produzidos por pessoas ou grupos homossexuais até 1996 (quando os antirretrovirais mudam o cenário) foram selecionados de fontes disponíveis no Arquivo Edgard Leuenroth e no Acervo Bajubá. Produções acadêmicas sobre homossexualidade e aids do período foram consultadas entre as disponíveis no Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz, nas bibliotecas da USP e na Biblioteca David Capistrano. A interpretação desse material inspirou-se no paradigma indiciário e na definição de eras para identificar permanências e rupturas nas produções homossexuais sobre saúde e sua circularidade com a produção acadêmica. Com base em vestígios nos arquivos da memória LGBT, argumenta-se inicialmente que as respostas à epidemia do HIV/Aids nos anos 1980 contaram com produções de homossexuais para a promoção da saúde desenvolvida nas décadas anteriores. Ao revisar a produção acadêmica sobre a homossexualidade do período de 1945 a 1982, nos campos da Saúde Coletiva, Medicina Legal, Medicina Social, Psiquiatria Social, Ciências Sociais, Psicologia e Anti-Psiquiatria observou-se como as bases para respostas à epidemia da aids assentou-se em duas diferentes noções éticas e técnico-científicas: a Escola Veronesi e a Escola Paulo Teixeira. Essa última foi paralela e interagiu fortemente com as respostas organizadas por coletivos fundados e liderados por homossexuais ou travestis como o grupo Outra Coisa, Gapa/São Paulo, Pela Vidda, Lambda e Casa de Apoio Brenda Lee e, de modo mais fragmentado, marcado pela mídia pornográfica homossexual. As respostas paulistanas expressaram, portanto, um diálogo intenso que, por décadas, articulou movimento homossexual, academia e serviço público, expressão da Escola Paulo Teixeira. Na pluralidade de respostas dos homossexuais na década de 1980, ativistas articularam por dentro do estado e governos, enquanto parte do movimento se institucionalizava para responder à emergência, ao pânico e às mortes e efetivar novas formas de controle social democrático. Uns agenciavam discursos sobre cidadania frente à doença adotando-os como forma indireta de conquista de direitos homossexuais. Outros reivindicavam a identidade homossexual como articuladora da luta contra a aids. Outros coletivos agenciaram a identidade soropositiva como forma de conquistar direitos e ampliar a compreensão da dupla discriminação em relação a homossexualidade e ao HIV, quando então as travestis se articularam para responder a demandas de acolhimento e cuidado. Sem pretensão de esgotar essa história, este trabalho conclui que os vestígios das ações protagonizadas por pessoas e grupos homossexuais ou travestis, foram estabelecendo um legado que pode renovar respostas à aids: pautando a grande mídia e usando a mídia alternativa para produzir fontes confiáveis para homossexuais, estabeleceram um modelo de homossexualidade saudável, noções de sexo seguro que valorizam o prazer, uma arte do cuidado que, como o ativismo cultural e a valorização da memória como instrumento político, disseminou um horizonte ético-político de solidariedade.
  • DOI: 10.11606/T.5.2021.tde-28092021-112410
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina
  • Data de criação/publicação: 2021-05-28
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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