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A impureza das formas aristotélicas: um comentário a Metafísica Z 10

Quirino, André Gomes

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2022-10-03

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    A impureza das formas aristotélicas: um comentário a Metafísica Z 10
  • Autor: Quirino, André Gomes
  • Orientador: Keeling, Evan Robert
  • Assuntos: Substância (Filosofia); Aristotelismo; Essência (Filosofia); Forma (Filosofia); Matéria (Filosofia); Ontologia; Metafísica; Substance (Philosophy); Ontology; Metaphysics; Matter (Philosophy); Form (Philosophy); Essence (Philosophy); Aristotelism
  • Notas: Dissertação (Mestrado)
  • Descrição: Da Metafísica de Aristóteles, o Livro Z (ou VII) é amplamente reconhecido como central e o mais desafiador. Entre seus capítulos, os mais extensos são o décimo e o décimo primeiro, que discutem de que se compõe a definição das entidades sensíveis e quais relações ontológicas se encontram nisto refletidas. Com especial ênfase, Z 10-11 investiga se a matéria pode ou não integrar definições, e, correspondentemente, se ela desfruta de precedência ontológica sobre os compostos que constitui. Interpretações que concluem uma resposta negativa tendem a se apoiar sobretudo em Z 10, que destaca haver uma associação íntima entre definição e forma (εἶδος), e mesmo uma equivalência entre εἶδος, essência (οὐσία) e quididade (τὸ τί ἦν εἶναι). De fato, se este capítulo é decisivo para o Livro VII, é por revisitar a promissora candidatura da quididade ao posto de essência, passado o excurso de Z 7-9. A relevância de Z 10 como unidade de reflexão se adensa com a multiplicidade de problemáticas sobre as quais ele se pronuncia – a algumas, até, proporcionando a formulação aristotélica canônica. Entre elas se destacam a indefinibilidade dos indivíduos; a classificação das espécies como compostos universais; a interdição, a estes, do estatuto de οὐσία; a \"incognoscibilidade\" da matéria; a identidade de cada coisa com sua essência. O interesse do capítulo aumenta em face da dificuldade de esclarecer como estes tópicos se relacionam, e por que importam para o argumento. Mais ainda, no decurso do texto são empregadas expressões enigmáticas ou espinhosas, como a que menciona uma matéria à qual a entidade \"sobrevém\" (ἐπιγίγνεται), a que designa entes συνειλημμένα (literalmente, \"tomados em conjunto\") à matéria, a que ressalva serem \"ou todas ou algumas\" (ἢ πάντα ἢ ἔνια) das partes da essência o que exerce anterioridade, a que nomeia a substância composta como \"o composto a partir da forma\" (τοῦ συνόλου τοῦ ἐκ τοῦ εἴδους, em vez de \"... a partir da forma e da matéria\"). Esta dissertação propõe como leitura capaz de esclarecer e harmonizar os vários pontos de dificuldade uma que identifica a tese alegadamente rechaçada: a da presença da matéria na definição, e sua relativa prioridade ontológica, ante as entidades sensíveis. Um ponto-chave é detectar a tácita caracterização (evidenciada à medida que as duas metades do capítulo aproximam seus temas, o das partes do λόγος e o da anterioridade) segundo a qual integrar a forma é o modo originário de constituir a coisa – no qual \"não mais\" (οὐκέτι, 1035a21) se incide quando se é \"já\" (ἤδη, a16, b31, 1036a2) matéria individual, mas do qual não se exclui toda matéria (1035a5-6): tanto que os compostos são compostos \"a partir da forma\", simplesmente; a realização direta da forma é sua concretização como composto. Trata-se de um comentário linha-a-linha, mas também atento às correspondências no corpus, à (farta) literatura interpretativa e aos principais desdobramentos teóricos. Espera-se que ao fim do trabalho emerja uma perspectiva favorável a certa compatibilidade entre a tendência contemporânea a reivindicar dignidade ontológica ao contingente e a subordinação clássica da realidade sensível a determinados universais.
  • DOI: 10.11606/D.8.2022.tde-09082023-180022
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
  • Data de criação/publicação: 2022-10-03
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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