Descrição e análise de material vegetal de sítios arqueológicos da região de Januária, Minas Gerais
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Descrição e análise de material vegetal de sítios arqueológicos da região de Januária, Minas Gerais

  • Autor: Freitas, Fábio De Oliveira
  • Orientador: Martins, Paulo Sodero
  • Assuntos: Arqueologia; Domesticação De Plantas; Microscopia; Sítios Arqueológicos
  • Notas: Dissertação (Mestrado)
  • Descrição: Escavações arqueológicas realizadas desde o final da década de 70 no Vale do Peruaçú, região de Januária, Minas Gerais, Brasil, pelo Prof. Dr. André Prous e sua equipe, da Universidade Federal de Minas Gerais, vêm recuperando espécies vegetais utilizados pelas populações pré-históricas desta região. Estes vestígios contêm materiais cultivados e coletados diretamente na natureza. Estes materiais estavam acondicionados em cestas de folhas de palmeira trançadas e depois enterradas, recebendo o nome de silo. O milho (Zea mays mays) é o material cultivado mais abundante nestes silos, enquanto fragmentos de coquinho Guariroba (Syagrus oleracea) é o material coletado mais abundante. Parte deste material e mais dois fragmentos de mandioca (Manihot esculenta) foram analisados. A idade destes materiais foi estimada através de datação radiocarbônica por espectrometria de cintilação líquida com Benzeno, realizada no CENA-USP, utilizando coquinho Guariroba e duas amostras de carvão. A idade determinada variou entre 1010 anos para a amostra mais antiga, até 570 anos na mais recente, com outras amostras de idades intermediárias. O fragmento de mandioca possui idade de 860 anos. As espigas de milho foram estudadas morfologicamente, onde medidas como comprimento, diâmetro basal, diâmetro apical, diâmetro maior, número de fileiras, número de grãos por fileiras e número de grãos por fileiras por comprimento foram tomadas e analisadas estatisticamente. Foi estudado morfologicamente também o amido presente nos órgãos de reserva do milho e da mandioca, caracterizando-o quanto à forma e tamanho, usando para isto uma amostra de 300 grãos de amido destas espécies, sendo analisados em um microscópio eletrônico de varredura. A fim de comparação foram analisados 21 acessos de raças de milho indígenas e etnovariedades do Banco de Germoplasma do CNPMS, EMBRAPA, de Sete Lagoas, MG, os quais também foram submetidos as mesmas análises de amido realizadas no material arqueológico. Estes dados foram depois submetidos a uma análise estatística. Através destas análises pudemos chegar as seguintes conclusões: • 0 amido dos órgãos de reserva do milho e mandioca encontravam-se em excelente estado de conservação. • Através da morfologia dos grãos de amido podemos separar raças ou variedades de milho. • Os habitantes destes abrigos plantavam mais de uma variedade de milho em um mesmo período. • Ao longo do período de tempo datado (1010 à 570 anos atrás) observa-se uma diversidade nas variedades de milho cultivadas, sendo plantada mais que uma variedade ao mesmo tempo. • A variabilidade dos grãos de amido das amostras arqueológicas de milho é maior do que a existente entre as raças utilizadas do Banco de Germoplasma. • Ao longo do período estudado, o tamanho da espiga foi aumentando com o tempo, permitindo deste modo um aumento da quantidade de semente também, mas sem que esta semente sofresse uma variação muito grande em seu tamanho. • Três padrões de distribuição de tamanho dos grãos de amido foram observados, um com um grande pico de grãos pequenos, outro que segue uma curva normal e outro com dois picos, sendo um de grãos pequenos e outro de médios, ocorrendo tanto no material arqueológico como nos acessos do Banco de Germoplasma. • Estes padrões de distribuição podem ser utilizados para caracterizar algumas das raças estudadas. • Os padrões de variação de tamanho de grãos de amido sugerem que parte do conjunto genético das raças hoje conhecidas como Cateto, Caigang, Complexo Guarani, Cristal, Entrelaçado, Moroti e Pontinha São Simão, estavam presentes, com maior ou menor proporção, no material cultivado pelas populações humanas pré-históricas que habitavam a região Norte de Minas Gerais há pelo menos um milénio de anos. • Espigas arqueológicas inteiras e as porções apical e medianos das mesmas são mais indicadas para comparações de natureza estatística. • Através da morfologia do amido pode-se confirmar que o fragmento que se suspeitava ser de mandioca é realmente desta espécie cultivada.
  • DOI: 10.11606/D.11.2019.tde-20191108-104022
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
  • Data de criação/publicação: 1997-01-29
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português
 
Disponível na Biblioteca:
  • ESALQ - Biblioteca Central (FREITAS, F. de O. )