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Da concorrência monopolística
Carlos Alberto Vanzolini 1903-1953
1943
Localização:
EPBC - Esc. Politécnica-Bib Central
(FT-282 )
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Título:
Da concorrência monopolística
Autor:
Carlos Alberto Vanzolini 1903-1953
Assuntos:
ECONOMIA
Notas:
Provimento de Cátedra
Notas Locais:
Tese (provimento de catedra) -- escola politecnica da universidade de sao paulo
Descrição:
Expõe-se no presente trabalho, sob forma simplificada, a teoria da concorrência monopolística, também denominada concorrência imperfeita, lançada há pouco mais de uma década na Inglaterra e nos Estados Unidos da América do Norte, por Sraffa, Mrs. Joan Robinson e Edward Chamberlin, considerados todos, ajusto título, representantes da Escola de Cambridge.Essa teoria teve fortuna pouco vulgar de ser, em poucos a nos, recebida na ciência econômica e incorporada ao seu ensino, com sucesso tal que até as obras didáticas recentemente editadas não deixam de apresenta-la ao lado da formulação clássica da teoria dos preços. Tal favor é devido aos seus méritos intrínsecos pois, apesar de se ressentir, em muitos pontos, dos defeitos inerentes à doutrina da Escola em que se originou, representa um tão notável avanço – conceitual e técnico – da teoria dos equilíbrios particulares, que chega a ser considerada o passo mais importante até hoje dado para a aproximação desta à do equilíbrio geral. Dela pode-se dizer o que já se disse da teoria da utilidade marginal, isto é, que “estava no ar” há algum tempo, tendo sido encontrada simultaneamente por vários investigadores. De fato, o que ocorreu nos últimos decênios do século XIX – período decisivo para constituição da economia pura – com a formulação, simultânea e independentemente, por Jevons, Walras e Menger, da teoria da utilidade marginal, repetiu-se há menos de 20 anos como quase coincidente aparecimento, na Inglaterra e nos Estados Unidos da América do Norte, da teoria da concorrência monopolística. A primeira nasceu da pesquisa de “nova explicação do valor”, por serem julgadas insatisfatórias as teorias existentes; gerou-se a segunda pelo descontentamento dos economistas com a teoria dos preços então dominante, fundada
essencialmente na hipótese da concorrência livre e no jogo de dois grupos sintéticos de forças, representados simplificadamente pela oferta e pela procura, cujo equilíbrio determina as quantidades e os preços dos bens adquiridos no mercado. Na verdade, a teoria em apreço considerava também em outro extremo, oposto ao da concorrência, o caso do monopólio, tratando-o com critério inteiramente diverso e isolando-o, a bem dizer, como um elemento patológico, que se apresentava em caráter quase excepcional. Também, mas nem sempre e só em lugar de secundária importância, mencionava a hipótese do duopólio, da qual Cournot (1) foi o pioneiro. A concorrência era sempre, tácita ou explicitamente, atribuído lugar proeminente, por ser considerada o caso comum, muitíssimo mais frequente que o monopólio. Esses, pois, os dois tipos fundamentais de mercado, os quais, entretanto (os próprios expositores da teoria sempre o admitiram), mui dificilmente podem realizar-se na prática, principalmente a concorrência, por virtude das “imperfeições do mercado” – assimiladas a “atritos” ou “falta de fluidez” dos fatores da produção ou devidas a ser pequeno, natural ou artificialmente, o número de concorrentes. Os casos “reais” ficavam, pois, vagamente situados entre a concorrência e o monopólio, avizinhando-se mais de um ou de outro, segundo as suas peculiaridades. As conclusões teóricas adaptaram-se, portanto, muito mal aos fatos que a teoria pretende explicar e daí a acusação de “irrealismo” continuamente assacada à teoria econômica.
Mas não foi só nesse terreno que surgiram as dificuldades em relação à teoria da concorrência. Os próprios economistas sentiram graves incompatibilidades lógicas dentro do sistema, além das profundas discordâncias entre as premissas e os fatos concretos. Delas passaremos a nos ocupar, após sumária revisão das teorias em foco. Tais objeções aplicam-se especialmente à teoria estática denominada dos equilíbrios particulares formulada, desenvolvida, sustentada e aplicada na interpretação dos fenômenos econômicos por Alfred Marshall, seus discípulos e sucessores, que constituem a Escola de Cambridge. A muitas delas, mas não a todos, escapa como se verá, a teoria do equilíbrio geral da Escola de Lausanne, especialmente o seu principal monumento: o sistema de Vilfredo Pareto. Na exposição que empreendemos, que julgamos ser a primeira feita no Brasil, procuramos por em evidência os pontos fundamentais da teoria, comparando-os com os da existentes e apontando os rumos que se esboçam. Pela própria natureza do assunto, fomos obrigado a descer em muitos pontos a minúcias e exemplificações que talvez destroem do tom acadêmico que mais convém a uma tese. Mas, como já dissemos e pelo desenvolvimento da matéria se verificará, é a própria teoria da concorrência monopolística que, considerando mui objetivamente as realidades dos mercados, obriga, ao menos na fase inicial de sua exposição – a diferenciação de produto – a ser bastante chão. Essa característica, que constitui mérito incontestável da teoria, talvez se tenha transformado em defeito nestas páginas pelo feitio pessoal do autor e pelo hábito profissional adquirido no ensino dos elementos da ciência econômica, mas, a nosso ver, é preferível sacrificar a elegância formal à clareza,
mormente quando se trata de apresentação de assunto novo. No capítulo I julgamos útil, antes de resumir as mencionadas objeções, recapitular, para tornar mais fáceis as comparações, os pontos fundamentais da teoria dos equilíbrios particulares de acordo com sua mais recente formulação, para a qual, diga-se de passagem, também contribuiu a teoria da concorrência monopolística com o esclarecimento de certos conceitos fundamentais e o aperfeiçoamento dos instrumentos analíticos. À teoria do equilíbrio geral só fizemos as referências que se tornaram necessárias, afim de não alongar demasiadamente essa parte preliminar.
Data de criação/publicação:
1943
Formato:
119 p anexos.
Idioma:
Português
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