skip to main content

Fecundidade, identificação racial e desigualdade

França, Michael Tulio Ramos De

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade 2020-03-26

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    Fecundidade, identificação racial e desigualdade
  • Autor: França, Michael Tulio Ramos De
  • Orientador: Haddad, Eduardo Amaral
  • Assuntos: Clima; Televisão; Desigualdade; Fecundidade; Rede Globo; Identificação Racial; Racial Identification; Inequality; Fertility; Climate; Television
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: A mudança climática representa um dos maiores desafios contemporâneos da humanidade. Nesse sentido, diversas pesquisas têm indicado que haverá um aumento considerável na incidência de eventos climáticos extremos tais como as ondas de calor. Desta forma, compreender os canais pelos quais o clima pode afetar a sociedade tornou-se em uma agenda de pesquisa de expressiva importância. Nesse contexto, pesquisadores têm encontrado evidências em países desenvolvidos de que a temperatura afeta negativamente o número de nascimentos. Visto que diversos países do mundo apresentam uma taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição populacional e, dado às projeções climáticas, a temperatura pode se tornar uma variável relevante no que se refere às questões populacionais. Consequentemente, com o intuito de verificar se existe alguma influência da temperatura nos nascimentos em um país em vias de desenvolvimento, o primeiro capítulo procura realizar esta análise usando dados para o Brasil. Para isso, usou-se uma abordagem econométrica em que o objetivo é testar se a exposição a choques de alta temperatura tem algum efeito na quantidade de nascimentos meses depois. Assim, os resultados da metodologia proposta sugerem que uma alta temperatura tem um efeito negativo de aproximadamente 2% nos nascimentos de 8 a 10 meses depois da exposição ao choque. No que se refere ao desenvolvimento socioeconômico, talvez os maiores desafios estejam na superação das discriminações e da exclusão social. No caso brasileiro, que representa o último país do continente americano a abolir a escravidão e a segunda maior nação negra do mundo, a televisão é majoritariamente branca. Além do viés racial na representatividade, também há um viés na forma em que os grupos raciais são retratados. Enquanto os negros costumam ser representados com estereótipos negativos, os brancos aparecem com traços positivos. Assim, a recorrente propaganda televisiva da fisionomia branca tem o potencial de afetar a percepção que as pessoas têm em relação aos tons de pele e, consequentemente, a narrativa difundida por meio deste veículo de comunicação pode moldar o comportamento da sociedade em relação a raça e apresenta um significativo potencial de afetar negativamente a exclusão social da população negra. Por sua vez, este processo tende a normalizar implicitamente a desvalorização da imagem das pessoas de pele escura, criando no imaginário coletivo o ideal de que a pele branca está associada com um maior status social e que as características da aparência branca apresentam um maior valor intrínseco. Em consequência, uma frequente estratégia adotada por uma parte dos afrodescendentes brasileiros é tentar se integrar à identidade branca. Entretanto, esta tentativa de apagar as origens e a cor da pele se torna em uma força adicional de valorização da imagem branca e degradação da negra. Essa dinâmica apresenta o potencial reforçar a estratificação racial existente na consciência social. Com o intuito de testar a hipótese de que a televisão afeta a percepção racial, o segundo capítulo procura verificar se existe alguma influência na autodeclaração racial brasileira. A proposta deste capítulo é usar a variação no tempo em que a principal emissora comercial do país, chamada Rede Globo, entrou em cada município para estimar se houve algum efeito na identificação racial da população. Desta forma, os resultados da abordagem proposta sugerem que a televisão impactou a autodeclaração no sentindo em que os pais \"embranqueceram\" seus filhos e, adicionalmente, os resultados indicam que o efeito é maior para as mulheres. Em relação a distribuição de renda, sabe-se que o Brasil é um país marcado pela alta desigualdade e baixa mobilidade social. Nesse âmbito, pouca atenção tem sido dada no debate brasileiro para os possíveis efeitos da distribuição da fecundidade entre os grupos sociais sobre a desigualdade de longo prazo. Com esta perspectiva, o terceiro capítulo procura revisar a literatura teórica e empírica que analisaram tal relação. Em determinados contextos, o diferencial de fecundidade entre mulheres pobres e ricas pode se tornar em um relevante mecanismo em que o status socioeconômico é reproduzido entre as gerações e, assim, possui o potencial de se tornar em um importante vetor de propagação de desigualdades sociais. Embora o diferencial de fecundidade entre as mulheres pobres e as ricas tenha caído ao longo do tempo, ele continua expressivo. Além disso, a significativa diferença dos tamanhos das famílias brasileiras entre as classes sociais verificada no passado pode ter efeito na desigualdade muitos anos depois. Assim, a proposta do último capítulo é verificar se a fecundidade das mulheres de baixa escolaridade entre 1970 a 1991 afetou a desigualdade de 20 anos no futuro. Como resultado, encontrou-se que a fecundidade deste subgrupo populacional tem poder preditivo para a desigualdade de longo prazo. Em seguida, propõe-se uma abordagem metodológica para lidar com a questão de endogeneidade e os resultados encontrados sugerem que a fecundidade aumentou à desigualdade de 20 anos no futuro.
  • DOI: 10.11606/T.12.2020.tde-24062020-194331
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
  • Data de criação/publicação: 2020-03-26
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

Buscando em bases de dados remotas. Favor aguardar.