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A relação de causalidade entre Zika vírus e síndrome congênita: análise de uma controvérsia em meio a uma crise de saúde pública

Oliveira, Monique Batista De

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública 2021-07-14

Acesso online. A biblioteca também possui exemplares impressos.

  • Título:
    A relação de causalidade entre Zika vírus e síndrome congênita: análise de uma controvérsia em meio a uma crise de saúde pública
  • Autor: Oliveira, Monique Batista De
  • Orientador: Akerman, Marco
  • Assuntos: Determinantes Sociais Da Saúde; Sociologia; Zika Vírus; Epidemias; Dissensos E Disputas; Epidemics; Dissent And Disputes; Sociology; Zika Virus; Social Determinants Of Health
  • Notas: Tese (Doutorado)
  • Descrição: Introdução — Um vírus recém-chegado ao Brasil, o Zika, é tido como causa do aumento de más-formações congênitas em 2016 com evidências consideradas frágeis (correlação temporal, análises laboratoriais e estudos de caso). Objetivo — Analisa-se dissensos e consensos em torno da causalidade Zika-microcefalia entre 2015 e 2017 no Brasil, com o intuito de entender o porquê das disputas, reconstruir a narrativa a partir de atores diversos e investigar seu impacto. Métodos — Com metodologia inspirada na Teoria Ator-Rede e no mapeamento de controvérsias — em que se seguem conexões diversas a partir do entendimento de que evidências científicas são coproduzidas por ciência e sociedade, humanos e não humanos — foram feitas 50 entrevistas e uma roda de conversa com 13 mães em 8 estados brasileiros: Bahia (Salvador), Brasília (Distrito Federal), Pará (Ananindeua e Belém), Paraíba (Campina Grande), Pernambuco (Recife), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (Natal) e São Paulo (Jundiaí, São Paulo e Campinas), além de visitas a instituições como a Fiocruz e universidades. Resultados — Como contribuição principal, a análise propõe que a explicação para as más-formações foi apresentada à narrativa pública com uma perspectiva unicausal atrelada ao Zika vírus — como uma hipótese-fato e não uma hipótese-pergunta — apesar de evidências multicausais e de cofatores associados ao desfecho. O trabalho denomina a narrativa da causalidade das anomalias observadas entre 2015 e 2017 como uma causa constrita de efeito cosmológico, em que a relação \"A (Zika), logo B (Microcefalia)\" é transladada como um problema central no fenômeno, sobrepondo-se a outras hipóteses multicausais e necessidades de estudos científicos para outros objetos — como intervenções em crianças e determinantes sociais. A análise destaca que, embora evidências epidemiológicas apontem para diferenças de risco no território brasileiro, a pergunta sobre a possibilidade de cofatores não deflagrou a mesma mobilização que a procura do agente etiológico. Atravessada por discussões globais e um modelo padrão de governança de risco, a controvérsia foi estabilizada por uma aliança cientistasimprensa- gestores, com a mobilização de uma ontologia única e purificada de não humanos — e não porque acabaram-se as perguntas —, o que invisibilizou dinâmicas locais. Nota-se que a opção pela simplicidade do discurso teve por base um modelo deficitário e pouco participativo de divulgação pública, que reforça a unicausalidade e atrela o Zika à ontologia da dengue, com consequências para a prevenção e para a própria ciência, que experimenta os efeitos recursivos da narrativa proposta. Apontase que cientistas têm preocupações sociais, mas pouca reflexividade sobre sua agência para além da produção de evidências. Conclusões — Considera-se a necessidade de discursos multicausais de epidemias na narrativa pública brasileira, vindos de cientistas e de instituições de pesquisa centrais, de modo a conferir variadas vias de ação de enfrentamento, bem como a formulação de perguntas científicas reflexivas e dinâmicas com capacidade de refazer hipóteses a partir da produção de novas evidências ao longo do tempo.
  • DOI: 10.11606/T.6.2021.tde-17092021-133130
  • Editor: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública
  • Data de criação/publicação: 2021-07-14
  • Formato: Adobe PDF
  • Idioma: Português

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