Anton Tchékhov: drama, tempo e crise
ABCD PBi
Anton Tchékhov: drama, tempo e crise
Autor:
Nascimento, Rodrigo Alves Do
Orientador:
Gomide, Bruno Barretto
Assuntos:
Anton Tchékhov
;
Crise Do Drama
;
Dramaturgia
;
Temporalidade
;
Anton Chekhov
;
Crisis Of The Drama
;
Dramaturgy
;
Temporality
Notas:
Tese (Doutorado)
Descrição:
Esta tese se propõe a uma análise de como o tempo se instala na dramaturgia de Anton Tchékhov. Nas peças longas do dramaturgo, seus personagens são colocados diante de um cenário de profunda crise histórica, ideológica e familiar, que os leva a uma constante reflexão sobre o sentido de sua experiência temporal. Com frequência refletem sobre seu presente vazio de sentido e o comparam às lembranças do passado ou às expectativas de futuro. No entanto, seus discursos raramente se sintonizam e cada um parece habitar uma temporalidade distinta, de modo que o efeito final é o de um movimento dramático centrífugo e dispersivo. Assim, ao povoar suas peças com uma multiplicidade de experiências temporais ligadas à espera, ao tédio, à memória, à melancolia, aos desejos, à recusa, aos sonhos e utopias, o dramaturgo rompe com o presente absoluto do drama tradicional, que se baseava no diálogo intersubjetivo e na ação decidida dos personagens em um presente estável. Por meio da análise de peças como Platónov, Ivánov, A Gaivota, Tio Vânia, mas, principalmente, de As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras, pretende-se demonstrar como desestabilização desse presente absoluto e a instalação dessa multiplicidade de temporalidades se articulam em torno de uma ironia dramática que impede que determinadas experiências temporais se sobreponham às demais. Tal ironia, feita de diálogos e acontecimentos dramáticos de outro tipo, soma-se à introdução de pausas, silêncios e momentos de estase, que abrem o drama à expressão de experiências temporais então já em franca experimentação na poesia e no romance modernos. O conjunto revela a complexidade da experiência temporal da província russa em um período de crise, ao mesmo tempo em que põe em xeque a sincronização temporal que, na modernidade burguesa, homogeneizou experiências temporais muito distintas. Ao fazê-lo, a obra não se acomoda à uma temporalidade de crise de fim de século e se abre de modo radical, transformado a multiplicidade temporal instalada na forma em dispositivo para a acomodação de temporalidades futuras o que contribui de modo decisivo para que Tchékhov se torne mais atualizável nas diferentes épocas e culturas.
DOI:
10.11606/T.8.2019.tde-03102019-154728
Editor:
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP; Universidade de São Paulo; Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Data de criação/publicação:
2019-08-05
Formato:
Adobe PDF
Idioma:
Português
Disponível na Biblioteca:
FFLCH - Fac. Fil. Let. e Ciências Humanas (Disponível apenas online )